@S ANARQUISTAS CONTRA GALICIA BILINGÜE
Publicado: 04 Feb 2009, 11:27
A recente convocatória por parte de Galicia Bilingüe de uma manifestação em Compostela como final de uma carreira desde o seu nascimento há anos plenamente focada para devolver o poder parlamentar da Galiza ao PP, e a resposta lançada desde diferentes meios e coletivos, evidéncia uma problemática ao respeito da lingua que @s anarquistas galeg@s, fora de casos exepcionais, não acertaram a ver com lucidez, assí como a necessidade de uma postura diáfana por parte do anarquismo ante a aparição de organizações de corte fascista como GB e os intentos de recuperação nacionalista de qualquer oposição.
Sem irmos mui para trás no tempo, sim é necesário repasar qual a postura d@s anarquistas nos últimos tempos.
Vemos por um lado como em muitas ocasiões, de jeito acrítico e muito longe das tentativas integrais e radicais com que se deveriam analisar todas as problematicas, @s anarquistas têm reproduzido a posição do poder, mantendo-se na postura de privilegiar o uso do castelão sobre o galego, ou têm manifestado uma quase depreciativa indiferência, até o extremo de usos do galego anedóticos, residuais, quando não chegando à des-culturação que supõe textos ateigados de gralhas, que estes falantes nunca cometeriam em castelão.
Trás desta postura manifesta-se em muitas ocasiões um anti-nacionalismo que não é aplicável ao caso, e leva às anarquistas nesta tessitura a um paradoxal alinhamento com o nacionalismo espanhol. Necessário que fique tambem claro que são anarquistas como @s asinantes do cartaz à esquerda quem se mantêm nesta posição, mas não sempre. Tambem anarquistas com posturas claramente libertadoras, erram ao entender uma relação necesária entre lingua e nacionalismo, quando esta se da na verdade entre lingua e cultura e povo, aspeitos todos que deviam ser defendidos com afouteça pel@s anarquistas.
Mas noutro lado vemos como tambem os setores mais comprometidos do anarquismo sim apostam pelo galego como única forma de comunicação posível dentro da Galiza, e fa-no desde posturas muito críticas com o pensamento nacionalista, crítica desde a que há que entender o emprego geraliçado de normas como o padrão frente ao AGAL ou ILG, normas que se entendem tingidas de ideologismo e diferenciação fictícia, todo o qual é um debate aberto de mais para ser tratado cá.
Historicamente o anarquismo foi quem de perceber toda forma de opressão e de agir contra elas. O anti-militarismo, o ecologismo, a libertação sexual, a libertação da mulher, são exemplos claros, lutas nas que o anarquismo se desenvolveu até em momentos nos que a esquerda autoritária defendia visões antagónicas e enfrentadas.
Mas, pelos motivos que for, na Galiza não se estendeu esta visão à opressão cultural-idiomática. Choca, em quanto que num contexto como o galego é muito fácil entender o enfrentamento de classe refletido na oposição lingüistica, mas talvez este é o motivo pelo que o anarco-sindicalismo tem sido mais sensível.
No entanto, devia ser para o anarquismo uma questão fulcral a defesa da cultura própria de um qualquer território, mais quando se trata de uma cultura minoriçada e francamente ameaçada por uma força de poder que se coloca acima. Não se trata de defender a cultura galega frente a outra cultura, mas de defender a pervivência e existência da cultura galega ante uma ameaça do poder, e de defender as suas manifestações, entre elas a lingua.
Mas uma visão rápida ao que há por trás de Galicia Bilingüe devia situar definitivamente ao movimento anarquista. Desde o seu nascimento num liceo de Vigo, GB agiu numa dupla direção: por uma parte, jogar um papel decisivo como força de choque do nacionalismo espanhol na Galiza tendente à recuperação do poder político pelas direitas; por outra, atacar a existência da própria cultura galega lá onde está numa situação mais fraca e onde a proxeção do ataque é maior: nas crianças e na educação.
Assí, afirmamos que é necesária a resposta d@s anarquistas e ao tempo marcar uma distáncia clara com nacionalistas e independentistas, o que não significa questionar o seu direito a agir na direção que podam considerar conveniente.
É necesária em quanto que é um imperativo para o anarquismo a defensa das culturas. E é necesária em quanto que o anarquismo deve manter uma atitude beligerante com todas as manifestações opressoras, restritivas de direitos ou decididamente fascistas, como a que neste caso representa Galicia Bilingüe. É necesária tambem porque não seria bom que movimentos populares sofram uma recuperação desde a esquerda parlamentar, como temos visto fazer nos últimos anos nomeadamente ao BNG (lembrar: Nunca Mais, os lumes, Galiza non se vende, e não esquecer), e neste sentido as visões e análises anarquistas têm muito que aportar.
E é necesária porque o anarquismo é, ou devera ser, um movimento de emancipação integral, que debe dar sua visão e sua alternativa em todas quantas circunstáncias afetam às pessoas. Se ultimamente semelha que o anarquismo na Galiza se fundiu em um complexo que o leva a não se posicionar em questiões susceptiveis de ser assumidas, ou assumidas de facto, por outros movimentos políticos, esta é uma circunstáncia que haverá de ser combatida desde o próprio movimento, com a honestidade de incorporar leituras não surgidas de nós, e com a radicalidade analítica que tem caracteriçado ao anarquismo históricamente.
Publicado originalmente en galizalibertaria
Sem irmos mui para trás no tempo, sim é necesário repasar qual a postura d@s anarquistas nos últimos tempos.
Vemos por um lado como em muitas ocasiões, de jeito acrítico e muito longe das tentativas integrais e radicais com que se deveriam analisar todas as problematicas, @s anarquistas têm reproduzido a posição do poder, mantendo-se na postura de privilegiar o uso do castelão sobre o galego, ou têm manifestado uma quase depreciativa indiferência, até o extremo de usos do galego anedóticos, residuais, quando não chegando à des-culturação que supõe textos ateigados de gralhas, que estes falantes nunca cometeriam em castelão.
Trás desta postura manifesta-se em muitas ocasiões um anti-nacionalismo que não é aplicável ao caso, e leva às anarquistas nesta tessitura a um paradoxal alinhamento com o nacionalismo espanhol. Necessário que fique tambem claro que são anarquistas como @s asinantes do cartaz à esquerda quem se mantêm nesta posição, mas não sempre. Tambem anarquistas com posturas claramente libertadoras, erram ao entender uma relação necesária entre lingua e nacionalismo, quando esta se da na verdade entre lingua e cultura e povo, aspeitos todos que deviam ser defendidos com afouteça pel@s anarquistas.
Mas noutro lado vemos como tambem os setores mais comprometidos do anarquismo sim apostam pelo galego como única forma de comunicação posível dentro da Galiza, e fa-no desde posturas muito críticas com o pensamento nacionalista, crítica desde a que há que entender o emprego geraliçado de normas como o padrão frente ao AGAL ou ILG, normas que se entendem tingidas de ideologismo e diferenciação fictícia, todo o qual é um debate aberto de mais para ser tratado cá.
Historicamente o anarquismo foi quem de perceber toda forma de opressão e de agir contra elas. O anti-militarismo, o ecologismo, a libertação sexual, a libertação da mulher, são exemplos claros, lutas nas que o anarquismo se desenvolveu até em momentos nos que a esquerda autoritária defendia visões antagónicas e enfrentadas.
Mas, pelos motivos que for, na Galiza não se estendeu esta visão à opressão cultural-idiomática. Choca, em quanto que num contexto como o galego é muito fácil entender o enfrentamento de classe refletido na oposição lingüistica, mas talvez este é o motivo pelo que o anarco-sindicalismo tem sido mais sensível.
No entanto, devia ser para o anarquismo uma questão fulcral a defesa da cultura própria de um qualquer território, mais quando se trata de uma cultura minoriçada e francamente ameaçada por uma força de poder que se coloca acima. Não se trata de defender a cultura galega frente a outra cultura, mas de defender a pervivência e existência da cultura galega ante uma ameaça do poder, e de defender as suas manifestações, entre elas a lingua.
Mas uma visão rápida ao que há por trás de Galicia Bilingüe devia situar definitivamente ao movimento anarquista. Desde o seu nascimento num liceo de Vigo, GB agiu numa dupla direção: por uma parte, jogar um papel decisivo como força de choque do nacionalismo espanhol na Galiza tendente à recuperação do poder político pelas direitas; por outra, atacar a existência da própria cultura galega lá onde está numa situação mais fraca e onde a proxeção do ataque é maior: nas crianças e na educação.
Assí, afirmamos que é necesária a resposta d@s anarquistas e ao tempo marcar uma distáncia clara com nacionalistas e independentistas, o que não significa questionar o seu direito a agir na direção que podam considerar conveniente.
É necesária em quanto que é um imperativo para o anarquismo a defensa das culturas. E é necesária em quanto que o anarquismo deve manter uma atitude beligerante com todas as manifestações opressoras, restritivas de direitos ou decididamente fascistas, como a que neste caso representa Galicia Bilingüe. É necesária tambem porque não seria bom que movimentos populares sofram uma recuperação desde a esquerda parlamentar, como temos visto fazer nos últimos anos nomeadamente ao BNG (lembrar: Nunca Mais, os lumes, Galiza non se vende, e não esquecer), e neste sentido as visões e análises anarquistas têm muito que aportar.
E é necesária porque o anarquismo é, ou devera ser, um movimento de emancipação integral, que debe dar sua visão e sua alternativa em todas quantas circunstáncias afetam às pessoas. Se ultimamente semelha que o anarquismo na Galiza se fundiu em um complexo que o leva a não se posicionar em questiões susceptiveis de ser assumidas, ou assumidas de facto, por outros movimentos políticos, esta é uma circunstáncia que haverá de ser combatida desde o próprio movimento, com a honestidade de incorporar leituras não surgidas de nós, e com a radicalidade analítica que tem caracteriçado ao anarquismo históricamente.
Publicado originalmente en galizalibertaria



