XVI Jornadas Libertátias [Compostela]

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eu
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XVI Jornadas Libertátias [Compostela]

Mensaje por eu » 01 Nov 2008, 13:37

XVI JORNADAS LIBERTÁRIAS 10-14 Novembro 2008 R/ Garcia Prieto, 24-28 às 19,30 h.

16 anos de Xornadas Libertárias. Sen interrupción. Co obxectivo de dar a coñecer a alternativa sindical da CNT e espallar as ideias anarquistas.

Sen subvencións, sen liberados sindicais. Apostando pola criazón de Seccións Sindicais nas empresas e non polos Comités de Empresa ou as Xuntas de Persoal onde van parar os sindicalistas profisionais liberados do traballo. Dando voz aos movimentos sociais de base ou apresentando libros de temática anarquista.

16 anos. Un tras outro.

E aqui embaixo o programa:

2ª feira-luns : Projecção do filme “Joe Hill” de Bo Widerberg, 1971
3ªfeira-martes : A luita na rede pela Secção Sindical da CNT em SIEGA
4ªfeira-mércores : Uma alternativa alimentária responsável : as cooperativas de consumo por Cooperativa Eirado
5ªfeira-xoves : O anarquismo na história : a enciclopédia anarquista por Miguel Iñiguez
6ªfeira-venres : A acção directa das mulheres pelo colectivo “As Lerchas”

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Suso
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Re: XVI Jornadas Libertátias [Compostela]

Mensaje por Suso » 03 Nov 2008, 14:38

Animo compañeiros. Xa XVI xornadas .... eso non o pode decir calqueira.
Teño barca, teño redes, teño sardiñas no mare
teño unha muller bonita
non quero máis traballare.

Rousa
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Re: XVI Jornadas Libertátias [Compostela]

Mensaje por Rousa » 09 Nov 2008, 16:47

O dia 10 começam as "XVI Jornadas Libertárias" com o filme "Joe Hill"
Este filme de Bo Windebergh narra a vida nos U.S.A. do anarco-sindicalista sueco Joe Hill, estreada no ano 1971 ainda hoje nos chega emocionar. Nestes últimos anos outros directores de cinema retomaram a história, mas este é o primeiro filme. A projecção será às 19,30 horas no local da CNT-Compostela (R/Garcia Prieto, 24-28).

Eis uma pequena introdução ...



A BALADA DE JOE HILL

por Fernando J. Almeida
Em Novembro de 1915, era executado, por um crime que não cometeu, Joe Hill, um activista sindical dos IWW (Industrial Workers of the World), que também foi autor e intérprete de cantos de intervenção político-social, em prol do proletariado norte-americano.


JOE HILL VISTO POR JOHN DOS PASSOS

John dos Passos, o grande escritor norte-americano, escreveu a trilogia “USA”,onde retratou os EUA, na sua face menos sorridente. Foi o retrato de uma América dominado por monopólios e trusts, por organizações de gangsters e sindicatos infiltrados pela corrupção. As personagens de “USA” são anti-heróis amargurados, uns idealistas e lutadores, outros cépticos e cínicos. Numa constante alternância entre a ficção e a vida real, Dos Passos apresenta, em curtos “flashes” quase cinematográficos,uma galeria de figuras ímpares da História americana, não alinhadas no imenso rebanho, que fazia dos EUA uma colecção de funcionários gabarolas com contas de Banco a mais? (palavras do Autor). Uma das figuras retratadas é a do sueco imigrado Joseph Hillstrom, popularmente conhecido por Joe Hill.
Transcrevemos, de seguida, algumas das linhas dedicadas ao cantor-sindicalista, patentes no 2º volume de “USA”.

Um jovem sueco chamado Hillstrom meteu-se ao mar, calejou as mãos em veleiros e velhos cargueiros vagabundos, aprendeu Inglês no castelo da proa dos vapores que faziam a ligação entre Estocolmo e Hull, e como todos os suecos sonhava com o Oeste; quando se instalou na América, deram-lhe um emprego: limpar escarradores num bar de Bowery. Mudou-se para Chicago e trabalhou numa firma de máquinas.

Continuando a sua marcha para o Oeste, alugou os braços aos senhores das colheitas, arrastou-se pelas agências de empregos, pagou muitos dólares de comissão para conseguir trabalho numa empresa qualquer de construção civil, andou muitas milhas quando a comida era demasiado má, o capataz demasiado brutal ou os percevejos demasiado agressivos no barracão. Participou numa greve, na Califórnia, costumava tocar concertina à porta do barracão, à noite, depois da ceia, tinha um condão peculiar para transformar em rimas os brados de revolta.

As canções de Joe Hill foram cantadas nas cadeias distritais e nas pensões rascas, por desempregados itinerantes, por trabalhadores das jornas. Em todo o lado, onde um proletário se sentisse perseguido, explorado, marginalizado, soava uma canção de Joe Hill. Damos, novamente, a palavra a John dos Passos). Em Bingham, Utah, Joe Hill organizou os trabalhadores da Utah Construction Company num único grande sindicato, conseguiu-lhes salários mais elevados, menos horas de trabalho, melhor comida.

Joe Hill vivia no Utah, estado dominado pelo fundamentalismo religioso da seita Mormon. Foi acusado, injustamente, de ter assassinado um merceeiro, de nome Morrison. A sua condenação à morte provocou vastas movimentações, como Dos Passos descreve).
O cônsul da Suécia e o Presidente Wilson tentaram obter um novo julgamento, mas o Supremo Tribunal do Estado de Utah manteve o veredicto. Joe Hill continuou a escrever as suas canções, no ano em que permaneceu na cadeia. Em Novembro de 1915, encostaram-no contra a parede da penitenciária de Salt Lake City. NÃO CHOREM A MINHA MORTE, ORGANIZEM-SE foram as últimas palavras que enviou para os seus camaradas. Joe Hill aprumou-se diante da parede do pátio da penitenciária, olhou para os canos das espingardas e deu a voz de fogo.


O LEGADO DE JOE HILL

No princípio do século XX, as lutas sindicais fizeram alinhar inúmeros cantores e músicos nas fileiras da intervenção político-social. A temática sindicalista era, então, a mais expressiva e premente atitude, frente à insana luta de classes, desenrolada nos EUA. O Sindicalismo Revolucionário, seguido pelos IWW, foi divulgado através de numerosas canções populares, que seriam compiladas por Mac Clintock, no “Pequeno Cancioneiro Vermelho”. Muitas dessas canções foram compostas e cantadas por Joe Hill que era o mais lúcido, coerente e inconveniente (para o poder estabelecido) dos cantores sindicalistas americanos. Quando aguardava a sua execução, em 1915, Joe Hill endereçou um derradeiro apelo ao seu camarada e amigo “Big Bill” Haywood: “Adeus Bill. Morro como um rebelde. Não percam tempo a chorar-me. Organizem-se!”.

A tradição da canção de protesto é tão antiga como a própria nação Americana. São melodias e poemas feitos, sentidos, entoados pelos operários mal remunerados, pelos pioneiros do Far-West em busca de fortuna rápida; são canções de actualidade, topical songs cantadas por operários nómadas, por “hobos” (vagabundos) que percorrem os estados da União, viajando clandestinamente em vagões de mercadorias, buscando trabalhos ocasionais; são o lamento dos brancos pobres, tão bem descritos nos livros de John Steinbeck ou Erskine Caldwell. São canções de denúncia e combate contra a escravatura, o racismo, o militarismo, que falam da Igualdade de Direitos e defendem a Paz e a Liberdade.

O sindicalismo Revolucionário, de raiz “wobblie” (dos IWW) traz uma componente mais, veiculando ideais anarco-sindicalistas e marxistas.
Surgem, assim, Canções para atiçar as chamas do descontentamento, como reza o título de uma Antologia, compilada em memória de Joe Hill. A Folk-Song continuaria, como arma de combate, nas vozes de Woody Guthrie e de Leadbelly. Woody até chamava à sua guitarra arma para matarFascistas. Editaram-se os “Almanacs”, uma edição discos, opúsculos e livros de topical songs, editou-se, por acção de Pete Seeger e amigos, a People?s Song (1945). A realidade político-social norte-americana continuou a fornecer elementos para a criação de novas Canções e o aparcimento de novos autores, cantores, músicos, cantautores. Surgiram baladas a relembrar e honrar os nomes das vítimas da (in)Justiça”Yankee”, como Joe Hill (voz de Joan Baez), Sacco e Vanzetti (por Joan Baez ou Woody Guthrie), os Rosenberg (W. Guthrie. Mas também para condenar a Guerra do Vietname, lutar pelos Direitos Civis, exaltar os humilhados e ofendidos.

Perseguidos pelo macarthysmo, ontem; ignorados (salvo excepções) pelo star system, hoje proliferam nomes de grandes intérpretes, como Bob Dylan, Pete Seeger, Joan Baez, Judy Collins, Tom Paxton, Ritchie Evans, Malvina Reynolds, Arlo Guthrie, Mimi Farina, Buffy Sainte-Marie, Phil Ochs, Odetta e tutti quanti. São vozes que herdaram o legado de Joe Hill, que honram a memória do sindicalista-cantor, sucumbido às balas do terrorismo de estado.


POST-SCRIPTUM
No decorrer das linhas acabadas de redigir, citámos, amiúde a trilogia “USA” de John Dos Passos e a central sindical IWW. Sobre essas referências, queremos escrever algo:

1 A trilogia “USA”, de autoria de John Dos Passos (1896-1970) narra a História social dos EUA, decorrente entre 1900 e 1936, e compõe-se dos seguintes volumes:

I PARALELO 42, escrito em 1920 – Edhasa 2006 (em espanhol).

II 1919, escrito em 1932 - Edhasa 2007 (em espanhol).

III DINHEIRO GRAÚDO, escrito em 1936.Deste título só temos a referência dos anos 70 de Planeta.

A trilogia foi editada, em Portugal, pela Portugália Editora, nos anos 60 do século passado, na sua colecção “Os Romances Universais”. Paralelo 42 (volume 30) foi traduzido por Helder de Macedo. “1919 e Dinheiro Graúdo” (respectivamente volumes 37 e 38) foram traduzidos por Daniel Gonçalves.

2 Os IWW, fundados em 1905, tiveram a adesão maciça dos Anarquistas, interessados na luta sindical. No entanto, o anarco-sindicalismo não foi a única corrente ideológica a adrir à Central Sindical. Os IWW não eram uma organização puramente anarco-sindicalista, mas sim um movimento sindicalista revolucionário, com uma acção paralela, nem sempre coincidente com o Anarquismo. Era uma organização composta por Anarquistas, mas também por Marxistas (dos Partidos Socialista e Comunista Americanos), que tinham uma concepção totalmente oposta ao sindicalismo propugnado pelos Libertários. Para os marxistas os IWW deveriam ser o embrião de One Big Union (Um Sindicato Único Gigante), inconciliável com as ideias anarquistas de Federalismo e Descentralização

Rousa
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Re: XVI Jornadas Libertátias [Compostela]

Mensaje por Rousa » 11 Nov 2008, 11:38

Ontem em Compostela inaguraram-se as "XVI jornadas Libertárias" com a projeccção do film de Bo Windebergh "Joe Hill", que narra a vida nos U.S.A. do anarco-sindicalista sueco Joe Hill, estreada no ano 1971 e que ainda ontem nos chegou a emocionar.
Em Novembro de 1915, era executado, por um crime que não cometeu, Joe Hill, um activista sindical dos IWW (Industrial Workers of the World), que também foi autor e intérprete de cantos de intervenção político-social, em prol do proletariado norte-americano.
Joe Hill precursor dum novo jeito de chegar com o seu discurso ào proletariado através da canção. Surgem, assim, Canções para atiçar as chamas do descontentamento, como reza o título de uma Antologia, compilada em memória de Joe Hill. A Folk-Song continuaria, como arma de combate, nas vozes de Woody Guthrie e de Leadbelly. Woody até chamava à sua guitarra arma para matarFascistas. Editaram-se os "Almanacs", uma edição discos, opúsculos e livros de topical songs, editou-se, por acção de Pete Seeger e amigos, a People?s Song (1945). A realidade político-social norte-americana continuou a fornecer elementos para a criação de novas Canções e o aparcimento de novos autores, cantores, músicos, cantautores. Surgiram baladas a relembrar e honrar os nomes das vítimas da (in)Justiça"Yankee", como Joe Hill (voz de Joan Baez), Sacco e Vanzetti (por Joan Baez ou Woody Guthrie), os Rosenberg (W. Guthrie. Mas também para condenar a Guerra do Vietname, lutar pelos Direitos Civis, exaltar os humilhados e ofendidos.
Perseguidos pelo macarthysmo, ontem; ignorados (salvo excepções) pelo star system, hoje proliferam nomes de grandes intérpretes, como Bob Dylan, Pete Seeger, Joan Baez, Judy Collins, Tom Paxton, Ritchie Evans, Malvina Reynolds, Arlo Guthrie, Mimi Farina, Buffy Sainte-Marie, Phil Ochs, Odetta e tutti quanti. São vozes que herdaram o legado de Joe Hill, que honram a memória do sindicalista-cantor, sucumbido às balas do terrorismo de estado.
A sala de projecção recentemente inagurada pela CNT estava ocupada por umas vinte pessoas que parilharam conosco uma outra visão da história dos USA, que habitualmente não conhecemos a história do proletariado militante organizado em sindicatos anarquistas.

Rousa
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Re: XVI Jornadas Libertátias [Compostela]

Mensaje por Rousa » 11 Nov 2008, 23:45

Assistimos à animada charla dos companheiros e companheiras da S.Sindical da CNT de Compostela
no SIEGA, onde nos explicaram pelo miúdo as possibilidades de luita com esta nova ferramenta que
temos nas mãos.
Explicaram-nos também os diferentes problemas de acessibilidade quer no primeiro como no terceiro
mundo, porque as maioria das webs não cumprem os estandares mínimos de acesso.
Falou-se também das distintas plataformas e do acesso livre, entre as vinte e tal pessoas que disfrutamos
debatendo e pondo em comum as nossas ideias sobre a rede.
Saúde

Rousa
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Re: XVI Jornadas Libertátias [Compostela]

Mensaje por Rousa » 13 Nov 2008, 10:19

Umas das ideias base da JJ.LL.de Compostela é dar-lhe voz àqueles colectivos organizados à margem do sistema
e dum jeito auto-gerido.
É por isso que ogano invitamos a falar nas "XVI Jornadas Libertárias" à Cooperativa de consumo responsável "Eirado"
de Compostela.
Âs vinte e tal pessoas que estávamos no local da CNT, apresentou-nos a cooperativa a companheira Noa, que duma
maneira muito didáctica, expus em linhas gerais os objectivos, o seu funcionamento e os planos de futuro que tem
a Cooperativa, o valor do consumo responsável, a necessidade que temos as pessoas de organizarmo-nos também
neste eido e dum jeito auto-gestionado, a promoção do comércio local para evitarmos deslocamento gravosos e
inecesários.
E finalmente a forma de fazermo-nos sócios ou sócias aportando inicialmente 100 €, que se te deras de baixa levarias.
o que che dá a possibilidade de ao pagares 3 € mês, ter acesso à uma cesta de comida de horta por 6 € à semana. Os
outros produtos : óleo, garavanços, lentilhas, arroz,... fão-se os pedimentos e valoram-se as necessidades através
das comissões da cooperativa. Os sócios e sócias reunem-se cada 15 dias.
Depois intercambiamos ideias sobre a necessidade de auto-organizarmo-nos na vida quotidiana, mudando os nossos
hábitos de consumo que concordamos também fazem parte da revolução social que tanto desejamos.
Mais informação em : http://eirado.wordpress.com/

Rousa
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Re: XVI Jornadas Libertátias [Compostela]

Mensaje por Rousa » 14 Nov 2008, 13:50

Na tarde de ontem recebemos dentro das JJ. LL. ao professor Miguel Íñiguez,
companheiro da CNT de Vitória-Gazteiz, autor da grande obra "La
Enciclopedia del anarquismo español",
nada menos que três tomos, um deles de imagens, 3000 páginas e 60.000
entradas e todo isto sem subsídios, sem cobrar um peso, só com as ganas que
lhe poem os anarquistas a um
projecto no que têm fe e no que acreditam.
Explicou-nos com o jeito didactico do que gozam alguns ensinantes, perante
um público entusiasmado na sala cheia como em dias anteriores, do que para
ele significavam os cento cincuenta anos do anarquismo espanhol.
Da importância que teve para a classe operária o anarco-sindicalismo,
plasmado na CNT. Da grandeza das ideias daqueles anarquistas catalães de
princípio de século, que desde a sua organização "Solidaridad Obrera",
acolhiam aos trabalhadores doutros lugares da península e tratavam de
organizá-los com uma única premissa: ¡ no seas esquirol !
Dos múltiples sacrifícios que teve que fazer a CNT, para chegar a ser o
sindicato maioritário, para chegarmos, utilizando um simil futebolístico, a
jogar a final numa guerra sem quartel contra o
capital no 36.
Das diferentes fornadas de militantes que ao acreditarem nas ideias,
possibilitaram organizar a cada vez mais operários e operárias até chegarmos
à revolução social.
Da CNT herculina, a pérola anarquista do Atlântico, da Corunha organizada
sob o anarco-sindicalismo da CNT, da greva geral de 1901 anterior à de
Barcelona, da cantidade de cenetistas galegos que atravessaram o mundo para
fornecer das "ideias" o continente americano.
Em fim transmitiu-nos tal entusiasmo que estamos certos de estar no caminho.
Obrigado Miguel

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