Questões Organizativas do Anarquismo

Este foro es para coordinar traducciones urgentes o para la traducción de textos que se consideren interesantes relacionados con el Anarquismo y los Movimientos Sociales.
Responder
parco
Mensajes: 243
Registrado: 04 Ene 2011, 21:37

Questões Organizativas do Anarquismo

Mensaje por parco » 25 Mar 2014, 00:51

Buenas noches.

Un pedido de traducción :roll:

http://anarkismo.net/article/26017
Publicado originalmente na revista acadêmica "Espaço Livre" (http://revistaespacolivre.net), num. 15, de 2013, esse texto tem por objetivo discutir, desde uma perspectiva teórico-histórica, algumas questões organizativas relativas ao anarquismo.
O presente artigo tem por objetivo discutir, desde uma perspectiva teórico-histórica, algumas questões organizativas relativas ao anarquismo. Ele contesta a afirmação repetida constantemente, de que esta seria uma ideologia/doutrina essencialmente espontaneísta e contrária à organização. Retomando o debate sobre a organização entre os anarquistas, o artigo afirma haver três posições fundamentais sobre o assunto: aqueles que são contrários à organização e/ou defendem articulações informais em pequenos grupos (antiorganizacionismo), aqueles que defendem somente a organização no nível de massas (sindicalismo/comunitarismo) e aqueles que sustentam a necessidade de articulação em dois níveis, político-ideológico e de massas (dualismo organizacional).




Questões Organizativas do Anarquismo

Introdução
O presente artigo tem por objetivo discutir, desde uma perspectiva teórico-histórica, algumas questões organizativas relativas ao anarquismo. Ele contesta a afirmação repetida constantemente, de que esta seria uma ideologia/doutrina essencialmente espontaneísta e contrária à organização. Retomando o debate sobre a organização entre os anarquistas, o artigo afirma haver três posições fundamentais sobre o assunto: aqueles que são contrários à organização e/ou defendem articulações informais em pequenos grupos (antiorganizacionismo), aqueles que defendem somente a organização no nível de massas (sindicalismo/comunitarismo) e aqueles que sustentam a necessidade de articulação em dois níveis, político-ideológico e de massas (dualismo organizacional). Aprofundam-se as posições da terceira corrente, trazendo elementos teóricos de M. Bakunin e, em seguida, apresentando um caso histórico em que os anarquistas sustentaram, em teoria e prática, essa posição: a atuação da Federação dos Anarco-Comunistas da Bulgária (FAKB) entre os anos 1920 e 1940.
Anarquismo: espontaneísmo e antiorganizacionismo?
No epílogo que realiza à compilação de textos de Karl Marx, Friedrich Engels e Vladimir I. Lênin sobre o anarquismo (Marx, Engels, Lênin, 1976) – uma obra financiada por Moscou no contexto soviético para promover as ideias do marxismo-leninismo – Kolpinsky (1976, pp. 332-333) afirma que o anarquismo é uma doutrina “pequeno-burguesa”, “alheia ao proletariado”, baseada no “aventureirismo”, nas “concepções voluntaristas” e nos “sonhos utópicos sobre a liberdade absoluta do indivíduo”. Além disso, enfatiza:

"São próprios de todas as correntes anarquistas os sonhos utópicos de criação de uma sociedade sem Estado e sem classes exploradoras, por meio de uma rebelião espontânea das massas populares e da abolição imediata do poder do Estado e de todas suas instituições, e não por meio da luta política da classe operária, da revolução socialista e do estabelecimento da ditadura do proletariado." (Kolpinsky, 1976, p. 332, grifos adicionados)

Afirmações desse tipo foram feitas durante toda a história do anarquismo, tanto por seus adversários, quanto por seus inimigos. Entretanto, diversos estudos recentes de base teórica e/ou histórica[1] vêm demonstrando que tais afirmações não possuem respaldo na realidade dos fatos.

Conforme sustentado mais detalhadamente em outro estudo (Corrêa, 2012), o espontaneísmo[2] e a posição contrária à organização não constituem princípios político-ideológicos do anarquismo e, por isso, não são comuns a todas as suas correntes. A questão organizativa caracteriza um dos debates mais relevantes entre os anarquistas e está na base da constituição das próprias correntes do anarquismo.[3] Uma análise ampla do anarquismo, em termos históricos e geográficos, como a realizada por Michael Schmidt e Lucien van der Walt (2009), permite afirmar que há um setor, minoritário, contrário à organização e outro, majoritário, que a defende; os anarquistas possuem distintas concepções de organização no nível de massas, incluindo articulação comunitária e sindical[4] , e diferentes posições acerca da organização específica anarquista.
Três posições anarquistas sobre a organização
De acordo com Schmidt e van der Walt (2009, p. 239), no debate anarquista sobre a questão organizativa, evidenciam-se três posições fundamentais: 1.) o antiorganizacionismo, que se coloca, em geral, contra a organização, tanto no nível social, de massas, quanto no nível político-ideológico, especificamente anarquista; esses anarquistas defendem o espontaneísmo ou, no máximo, a articulação em redes informais e/ou pequenos grupos de militantes; 2.) o sindicalismo/comunitarismo, compreendendo que a organização dos anarquistas deve se dar somente no nível social, de massas, e que as organizações políticas anarquistas seriam redundantes, em alguns casos até perigosas, já que os movimentos populares, dotados de uma capacidade revolucionária, podem levar a cabo todas a proposições anarquistas; 3.) o dualismo organizacional, que sustenta ser necessário articular-se, ao mesmo tempo, em movimentos de massas e organizações políticas, com vistas a promover as posições anarquistas de maneira mais coerente e eficaz em movimentos mais amplos.

O antiorganizacionismo possui suas bases em proposições como as de Luigi Galleani, militante anarquista italiano que acredita que uma organização política – ou, como chamava seu conterrâneo Errico Malatesta, um “partido anarquista” – conduz necessariamente a uma hierarquia de tipo governamental que viola a liberdade individual:

"O partido, qualquer partido, possui seu programa, que é sua própria constituição, possui em sua assembleia de seções ou grupos delegados seu parlamento; em seu corpo diretivo ou nas seções executivas possui seu próprio governo. Portanto, é uma superposição gradual de corpos por meio dos quais uma hierarquia real e verdadeira se impõe entre os vários níveis desses grupos que estão ligados: a disciplina, as violações, as contradições que são tratadas com punições correspondentes, que podem ser tanto a censura quanto a expulsão." (Galleani, 2011, p. 2)

Galleani sustenta que os anarquistas devem se associar em redes pouco orgânicas, quase informais, pois a organização, principalmente programática, conduz à dominação. Tal posição foi assumida tanto em relação aos agrupamentos anarquistas, quanto em relação aos movimentos populares de maneira geral. Para Galleani (2011, p. 3; 6; tradução nossa), “o movimento anarquista e o movimento operário percorrem caminhos paralelos e a constituição geométrica de linhas paralelas é feita de maneira que elas nunca possam se encontrar ou coincidir”. Anarquismo o movimento popular constituem, para ele, campos distintos; as organizações operárias são vítimas de um “conservadorismo cego e parcial” responsável por “estabelecer um obstáculo, muitas vezes um perigo” aos objetivos anarquistas. Os anarquistas, conforme sustenta, devem atuar por meio da educação, da propaganda e da ação direta violenta, sem se envolver com os movimentos de massas organizados.[5]

O sindicalismo/comunitarismo vincula-se à ideia de que o movimento popular possui todas as condições de abarcar posições libertárias e revolucionárias, de maneira a cumprir todas as funções necessárias a um processo de transformação; as organizações políticas anarquistas são desnecessárias ou uma questão secundária. Se as defesas da organização exclusivamente em nível comunitário são escassas (como nas proposições do norte-americano Murray Bookchin), o mesmo não ocorre com o sindicalismo de intenção revolucionária.[6]

Essa posição é defendida por muitos sindicalistas revolucionários, como foi o caso do francês Pierre Monatte (1998, p. 206-207) que, no Congresso Anarquista de Amsterdã, em 1907, sustenta que o sindicalismo revolucionário “se basta a si próprio”. Monatte acredita que o movimento popular iniciado pela Confédération Generale du Travail (CGT), na França, em 1895, havia possibilitado uma reaproximação entre os anarquistas e as massas e por isso recomenda: “que todos os anarquistas ingressem no sindicalismo”. Por mais que o contexto histórico possua relevância no afastamento que ocorreu na França, após a Comuna de Paris, entre o anarquismo e os movimentos de massas, essa posição de Monatte preponderou no anarquismo do século XX em todo o mundo, se não em teoria, pelo menos na prática.

Nesse mesmo congresso, que pode ser considerado o primeiro momento histórico de debate amplo sobre as questões organizativas do anarquismo, outros anarquistas se posicionaram. Malatesta (1998, p. 208) concordava com a participação anarquista nos movimentos populares, mas reforçava: “dentro dos sindicatos, é preciso que permaneçamos anarquistas, com toda a força e amplitude implícitas nessa definição”; ou seja, o anarquismo não poderia dissolver-se no movimento sindical, não poderia ser tragado por ele, deixando de existir como uma ideologia/doutrina com posições e instâncias próprias. Posição semelhante, porém com uma base mais enfaticamente classista, foi defendida por Amédée Dunois, que sustentava, para além do trabalho sindical, a necessidade de uma organização anarquista:

"Os anarquistas sindicalistas [...] estão abandonados a si mesmos e, fora do sindicato, não possuem qualquer ligação real entre eles ou aos seus outros companheiros. Eles não possuem qualquer apoio e não recebem ajuda. Por isso, pretendemos criar essa ligação, proporcionar esse apoio constante; e eu estou pessoalmente convencido de que a união de nossas atividades só pode trazer benefícios, tanto em termos de energia, quanto de inteligência. E quanto mais fortes formos – e só seremos fortes nos organizando – mais forte será o fluxo de ideias que poderemos sustentar no movimento operário, que irá, aos poucos, ser impregnado do espírito anarquista. [...] Seria suficiente à organização anarquista agrupar, em torno de um programa de ação prática e concreta, todos os companheiros que aceitem nossos princípios e que queiram trabalhar conosco, de acordo com nossos métodos." (Dunois, 2010)

As posições de Malatesta e Dunois referem-se ao dualismo organizacional, que se apoia na ideia de que os anarquistas devem se organizar, paralelamente, em dois níveis: um social, de massas, e outro político-ideológico, anarquista.

Malatesta (2000a, pp. 56; 55; 60) define o “partido anarquista” como “o conjunto daqueles que querem contribuir para realizar a anarquia, e que, por conseqüência, precisam fixar um objetivo a alcançar e um caminho a percorrer”. “Permanecer isolado, agindo ou querendo agir cada um por sua conta, sem se entender com os outros, sem preparar-se, sem enfeixar as fracas forças dos isolados”, significa, para os anarquistas, “condenar-se à fraqueza, desperdiçar sua energia em pequenos atos ineficazes, perder rapidamente a fé no objetivo e cair na completa inação”. A maneira de superar o isolamento e a falta de coordenação é investindo na formação de uma organização política anarquista: “se não quiser permanecer inativo e impotente, [o militante anarquista] deverá procurar outros indivíduos que pensem como ele, e tornar-se iniciador de uma nova organização.”

Mas, para Malatesta (2000b), a organização específica anarquista não é suficiente: “favorecer as organizações populares de todos os tipos é a conseqüência lógica de nossas ideias fundamentais e, assim, deveria fazer parte integrante de nosso programa.” Aponta, nesse sentido, a necessidade de um trabalho de base intenso em meio às organizações populares de massas:

"É preciso, portanto, em tempos normais, realizar o trabalho amplo e paciente de preparação e organização popular e não cair na ilusão da revolução em curto prazo, factível somente pela iniciativa de poucos, sem participação suficiente das massas. A essa preparação, contanto que ela possa ser realizada em um ambiente adverso, há, entre outras coisas, a propaganda, a agitação e a organização das massas, que nunca devem ser descuidadas." (Malatesta, 2008, p. 31)

Os anarquistas organizacionistas (sindicalistas, comunitaristas, dualistas organizacionais) têm contribuído, teórica e praticamente, com o debate sobre as questões organizativas do anarquismo. O dualismo organizacional[7] possui contribuições que serão, em seguida, abordadas teórica e praticamente, por meio dos escritos de Mikhail Bakunin e da experiência da Federação dos Anarco-Comunistas da Bulgária.
Anarquismo e dualismo organizacional: os escritos de M. Bakunin
O dualismo organizacional vincula-se às próprias raízes do anarquismo, sendo formulado na obra de Bakunin, que se refere, com freqüência, às práticas da Aliança da Democracia Socialista (ADS) no seio da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT).[8]

Para Bakunin (2000a; tradução nossa), a ADS tem um duplo objetivo; por um lado, estimular o crescimento e o fortalecimento da AIT[9] ; por outro, aglutinar em torno de princípios, um programa e uma estratégia comum, aqueles que possuem afinidades político-ideológicas com o anarquismo. Em suma, criar/fortalecer uma organização política e um movimento de massas:

"Eles [os militantes da ADS] formarão a alma inspiradora e vivificante desse imenso corpo a que chamamos Associação Internacional dos Trabalhadores [...]; em seguida, se ocuparão das questões que são impossíveis de serem tratadas publicamente – eles formarão a ponte necessária entre a propaganda das teorias socialistas e a prática revolucionária." (Bakunin, 2000b)

Bakunin (2000c, 2000b, 2000a; tradução nossa) sustenta que a ADS não precisa de uma quantidade muito grande de militantes: “o número desses indivíduos não deve, pois, ser imenso”; ela constitui uma organização política, pública e secreta, de minoria ativa, com responsabilidade coletiva entre os integrantes, que reúne “os membros mais seguros, os mais devotados, os mais inteligentes e os mais enérgicos, em uma palavra, os mais íntimos”, nucleados em diversos países, com condições de influenciar determinantemente as massas.

Essa organização tem por base comum um regulamento interno e um programa estratégico, os quais estabelecem, respectivamente, seu funcionamento orgânico, suas bases político-ideológicas e programático-estratégicas, forjando um eixo comum para a atuação anarquista. Pode tornar-se membro da organização, segundo Bakunin (2000d, 2000c; tradução nossa), somente “aquele que tiver francamente aceitado todo o programa com todas suas conseqüências teóricas e práticas e que, junto à inteligência, à energia, à honestidade e à discrição, tenham ainda a paixão revolucionária”. Internamente, não há hierarquia entre os membros, e as decisões são tomadas de baixo para cima, em geral por maioria (variando do consenso à maioria simples, a depender da relevância da questão), e com todos os membros acatando as decisões tomadas coletivamente. Isso significa aplicar o federalismo – defendido como forma de organização social, que deve descentralizar o poder e criar “uma organização revolucionária de baixo para cima e da circunferência ao centro” – nas instâncias internas da organização anarquista.

Incentivar o crescimento e o fortalecimento da AIT em diferentes países, e influenciá-la no sentido de seu programa constitui também, conforme colocado, um dos objetivos da ADS. Este amplo movimento de massas, internacional e internacionalista, segundo Bakunin (2008, p. 67), deve ser o protagonista da revolução social, já que “nenhuma revolução pode triunfar senão exclusivamente pela força do povo”. Tal processo revolucionário – que não pode se resumir às mudanças essencialmente políticas, mas atingir os mais profundos fundamentos sociais, incluindo a economia – altera as bases do sistema capitalista/estatista e estabelece o socialismo libertário.[10]

"A Associação Internacional dos Trabalhadores, fiel a seu princípio, jamais apoiará uma agitação política que não tenha por objetivo imediato e direto a completa emancipação econômica do trabalhador, isto é, a abolição da burguesia como classe economicamente separada da massa da população, nem qualquer revolução que desde o primeiro dia, desde a primeira hora, não inscreva em sua bandeira liquidação social. [...] Ela dará à agitação operária em todos os países um caráter essencialmente econômico, colocando como objetivo a diminuição da jornada de trabalho e o aumento dos salários; como meios, a associação das massas operárias e a formação das caixas de resistência. [...] Ela ampliar-se-á, enfim, e organizar-se-á fortemente atravessando as fronteiras de todos os países, a fim de que, quando a revolução, conduzida pela força das coisas, tiver eclodido, haja uma força real, sabendo o que deve fazer e, por isso mesmo, capaz de apoderar-se dela e dar-lhe uma direção verdadeiramente salutar para o povo; uma organização internacional séria das associações operárias de todos os países, capaz de substituir esse mundo político dos Estados e da burguesia que parte." (Bakunin, 2008, pp. 67-69)

O movimento de massas mobiliza trabalhadores a partir de suas necessidades econômicas e organiza as lutas sindicais de curto prazo, por meio de um ferramental organizativo próprio e instituições criadas pelos trabalhadores, abarcando local de trabalho e moradia; o acúmulo permanente de força social real dos trabalhadores e a radicalização das lutas permite o avanço à revolução social.

Criar uma associação popular com base em necessidades econômicas implica, “eliminar inicialmente do programa desta associação todas as questões políticas e religiosas”, pois o mais relevante é “buscar uma base comum, uma série de simples princípios sobre os quais todos os operários, quaisquer que sejam, por sinal, suas aberrações políticas e religiosas, [...] estão e devem estar de acordo”. Ao passo que a questão econômica une os trabalhadores, questões político-ideológicas e religiosas os separam; estas, mesmo não constituindo princípios da AIT, devem ser debatidas ao longo do processo de lutas.[11] (Bakunin, 2008, pp. 42-43)

Trata-se de estimular a unidade dos trabalhadores sobre bases classistas, por meio da associação em torno de interesses comuns de um conjunto de sujeitos oprimidos – trabalhadores do campo e da cidade, campesinato e marginalizados em geral –, para a luta de classes direta contra as classes dominantes, pois “o antagonismo que existe entre o mundo operário e o mundo burguês” não permite “nenhuma reconciliação”. Na luta de classes os trabalhadores conhecem “seus verdadeiros inimigos, que são as classes privilegiadas, incluindo o clero, a burguesia, a nobreza e o Estado”, compreendem as razões que os unem aos outros oprimidos, adquirem consciência de classe, percebem os interesses compartilhados, conhecem questões político-filosóficas; isso constitui um verdadeiro processo pedagógico. (Bakunin, 2008, pp. 56; 54)

O movimento de massas deve, ainda, constituir as bases organizacionais e institucionais da sociedade futura e manter uma coerência com seus objetivos revolucionários e socialistas. Bakunin (2000e; tradução nossa) enfatiza que uma “sociedade igualitária e livre” não emanará “de uma organização autoritária”; portanto, a “a Internacional, embrião da futura sociedade humana, deve ser, desde já, a imagem fiel de nossos princípios de liberdade e de federação, e rejeitar em seu seio todo princípio tendendo à autoridade, à ditadura”. Ele sustenta uma coerência entre meios e fins; a AIT deve organizar-se de maneira libertária e federalista – é necessário, diz Bakunin, “aproximar o máximo possível essa organização de nosso ideal” –, estimulando a criação de um arcabouço organizativo e institucional que possa substituir o capitalismo e o Estado: “a sociedade futura não deve ser outra coisa senão a universalização da organização que a Internacional tiver criado”.

A ADS não exerce relação de dominação e/ou hierarquia sobre a AIT, mas a complementa; o inverso também é verdadeiro. Juntas, essas duas instâncias organizativas se complementam e potencializam o projeto revolucionário dos trabalhadores, sem a submissão de qualquer uma das partes.[12]

"A Aliança é o complemento necessário da Internacional... — Mas a Internacional e a Aliança, tendendo para o mesmo objetivo final, perseguem ao mesmo tempo objetivos diferentes. Uma tem por missão reunir as massas operárias, os milhões de trabalhadores, com suas diferenças de profissões e países, através das fronteiras de todos os Estados, em um só corpo imenso e compacto; a outra, a Aliança, tem por missão dar às massas uma direção realmente revolucionária. Os programas de uma e de outra, sem serem de modo algum opostos, são diferentes pelo próprio grau do seu desenvolvimento respectivo. O da Internacional, se tomado a sério, contém em germe, mas somente em germe, todo o programa da Aliança. O programa da Aliança é a explicação última do [programa] da Internacional." (Bakunin, 2000a)

A união dessas duas organizações – uma política, de minorias (quadros); outra social, de maiorias (massas) – e sua articulação horizontal e permanente potencializam a força dos trabalhadores e aumentam as chances do processo de transformação anarquista. Dentro do movimento de massas, a organização política dá mais eficácia aos anarquistas nas disputas de posições. Ela contrapõe, organizadamente e em favor de seu programa, forças que agem em sentido distinto e que buscam: elevar à condição de princípio uma das diferentes posições político-ideológicas e/ou religiosas, minimizar seu caráter eminentemente classista, fortalecer as posições reformistas (que vêem as reformas como um fim) e a perda de combatividade do movimento, estabelecer hierarquias internas e/ou relações de dominação, direcionar a força dos trabalhadores para as eleições e/ou para estratégias de mudança que envolvam a tomada do Estado, atrelar o movimento a partidos, Estados ou outros organismos que retiram, nesse processo, o protagonismo das classes oprimidas e de suas instituições.[13]
Anarquismo e dualismo organizacional: a experiência da Federação dos Anarco-Comunistas da Bulgária
Neste momento, apresentam-se as linhas gerais do dualismo organizacional anarquista, desenvolvido pela experiência da Federação dos Anarco-Comunistas da Bulgária (FAKB), entre os anos 1920 e 1940.

No leste europeu, os anarquistas tiveram uma atuação determinante, em 1903, na Revolta da Macedônia, envolvendo dois episódios: o primeiro, com a Revolta de Ilinden e proclamação da Comuna de Krouchevo; o segundo, com a Insurreição de Préobrojenié e proclamação da Comuna de Strandzha, ambas libertárias. A Comuna de Strandzha foi responsável pela tomada do território e pelo estabelecimento de experiências de autogestão durante um mês, constituindo a primeira tentativa local de edificar uma nova sociedade sobre os princípios do comunismo libertário. Com o esmagamento da revolta e das experiências por ela constituídas, fundaram-se, na Bulgária, periódicos relevantes como Sociedade Livre, Acracia, Probuda, Rabotnicheska Misl, diversos grupos anarquistas e, em 1914, um grupo de Ruse lançou as bases de um movimento anarco-sindicalista. Depois de problemas ocasionados pela Primeira Guerra, o anarquismo búlgaro ressurgiu renovado com a fundação da Federação dos Anarco-Comunistas da Bulgária (FAKB), em 1919, em um congresso com 150 delegados.

"No quente ano de 1919, no auge da revolta global dos trabalhadores contra o capitalismo, os anarco-sindicalistas búlgaros (os primeiros grupos haviam se estabelecido em 1910) e o núcleo da antiga Federação Anarquista Macedônica e Búlgara (um núcleo que tinha sido fundado em 1909) chamaram o movimento para reorganizar-se. A Federação dos Anarco-Comunistas da Bulgária (FAKB) foi fundada em um congresso aberto pelo guerrilheiro anarquista Mikhail Gerdzhikov (1877-1947), um dos fundadores do Comitê Revolucionário Clandestino Macedônico (MTRK) em 1898 e comandante de seu Corpo de Primeira Linha na Revolta Macedônica de 1903." (Schmidt, 2009, p. 7)

De acordo com Schmidt (2009, p. 9), na Bulgária, a FAKB protagonizou experiências relevantes envolvendo sindicalismo urbano e rural, cooperativas, guerrilha e mobilização de juventude; “a FAKB constituía-se em seções: sindical, guerrilheira, profissional e de juventude, o que a diferenciava em toda a sociedade búlgara”. Ela ajudou a fundar e fortaleceu organizações como “a Federação Búlgara de Estudantes Anarquistas (BONSF); uma federação de anarquistas artistas, escritores, intelectuais, médicos e engenheiros; e a Federação da Juventude Anarquista (FAM), que tinha extensões nas cidades, nos vilarejos e em todas as grandes escolas”.

Seu 5º congresso, em 1923, contou com 104 delegados e 350 observadores de 89 organizações, dando conta da ampla influência anarquista, possivelmente majoritária, entre os trabalhadores de Yambol, Kyustendil, Rodomir, vilarejo de Nova Zagora (em Khaskovo), Kilifarevo e Delebets, além da crescente influência em Sófia, Plovdiv, Ruse e outros centros. O crescimento da FAKB atraiu repressões severas da direita fascista que, entre 1923 e 1931, matou mais de 30 mil operários. Conforme ainda coloca Schmidt (2009, p. 16), nesse contexto, muitos militantes da FAKB foram assassinados; ainda assim, outros, que não haviam sido exilados, “formaram destacamentos de combate conhecidos como ‘cheti’ e envolveram-se em um importante esforço para coordenar um levante com o BKP [Partido Comunista Búlgaro] em 1923”, e também se envolveram em combates guerrilheiros, em 1925, juntamente com o BKP e a BZS [União Agrária Búlgara].

Entre 1926 e 1927, a FAKB adotou a “Plataforma” do grupo de exilados russos Dielo Truda[14] , que sustenta a necessidade de uma organização anarquista programática, fundamentada na unidade ideológica, na unidade tática (método coletivo de ação), na responsabilidade coletiva e no federalismo, que teve impacto relevante sobre a elaboração de seu programa de 1945, a “Plataforma da FAKB”, a qual será abordada adiante.

Em 1930, na Bulgária, aponta Schmidt (2009, p. 23-25), destaca-se a influência anarquista na formação da Confederação Vlassovden, organização sindical rural, que se articulou em torno de múltiplas demandas: “redução da taxação direta ou indireta, dissolução dos cartéis agrários, assistência médica gratuita para os camponeses, seguro e aposentadoria para os trabalhadores agrícolas e a autonomia da comunidade”. Espalhando-se rapidamente, o chamado “sindicalismo vlassovden” chegou, no ano seguinte, a estar representado em 130 seções da confederação, possibilitando um “grande avanço das organizações e publicações anarquistas, de modo que o movimento anarquista, naquele momento, pode ser colocado como a terceira maior força na esquerda, depois da BZS e do BKP”. Durante a Revolução Espanhola (1936-1939), 30 anarquistas búlgaros lutaram como voluntários nas milícias anarquistas.

Entre 1941 e 1944, uma guerrilha anarquista combateu o nazi-fascismo, aliando-se à Frente Patriótica na organização da insurreição de setembro de 1944 contra a ocupação nazista. Entretanto, com o Exército Vermelho substituindo os alemães como força de ocupação, estabeleceu-se uma aliança entre a direita e a esquerda – chamada de “aliança vermelha-laranja-marrom” (Schmidt, 2009, p. 33) – que reprimiu brutalmente os anarquistas. Os trabalhadores foram obrigados a entrar em um sindicato único, ligado ao Estado, em uma política claramente inspirada em Mussolini, e, em 1945, num congresso da FAKB, em Sófia, a milícia comunista prendeu os 90 delegados presentes, o que não impediu que o periódico da FAKB, Rabotnicheska Misl, chegasse, naquele ano, à tiragem de 60 mil exemplares por número. No fim dos anos 1940, de acordo com Schmidt (2009, p. 36), “centenas de anarquistas tinham sido executadas e cerca de 1000 militantes da FAKB foram mandados para os campos de concentração onde a tortura, os maus-tratos e a fome dos veteranos antifascistas (porém não-comunistas) [...] eram praticamente rotina”. Foi praticamente o fim da experiência da FAKB, iniciada em 1919.

Em um balanço dessa experiência organizativa, pode-se dizer que ela permite concluir

"que vários tipos de organização da classe trabalhadora são indispensáveis e entrelaçadas, sem subordinação de uma à outra: organizações ideológicas anarco-comunistas, sindicatos operários, sindicatos de agricultores, cooperativas e organizações culturais e de interesses específicos, por exemplo, de jovens e de mulheres." (Schmidt, 2009, p. 42)

A prática da FAKB durante essas mais de duas décadas, assim como o aporte teórico que foi sendo produzido neste período, juntamente com a relação estabelecida com a “Plataforma” do Dielo Truda, refletiu-se, em 1945, num documento programático: a “Plataforma da Federação dos Anarco-Comunistas da Bulgária”. De acordo com esse documento, a FAKB previa, apoiando-se no dualismo organizacional, uma organização política anarquista e um movimento de massas da cidade e do campo, formado por sindicatos e cooperativas.

A organização política anarquista reúne os anarquistas, por meio de princípios político-ideológicos anarco-comunistas, articulando-os regionalmente, com as seguintes tarefas fundamentais:

"O desenvolvimento, a realização e a difusão das ideias anarco-comunistas; O estudo de todas as questões atuais e vitais da vida cotidiana das massas trabalhadoras e os problemas da reconstrução social; A luta multifacetada pela defesa de seu ideal social e pela causa do povo trabalhador; A participação na criação de grupos de trabalhadores, no nível da produção, profissão, troca e consumo, cultura e educação, e todas as outras organizações que podem ser úteis na preparação da reconstrução social; A participação armada em toda insurreição revolucionária; A preparação e a organização destas insurreições; A utilização de todos os meios corretos que possam conduzir à revolução social." (FAKB, 2009, pp. 61-62)

Os anarquistas também participam dos movimentos de massas, em especial os sindicatos e as cooperativas. Os sindicatos de trabalhadores devem articular a força dos trabalhadores – a partir de uma articulação por local de trabalho ou categoria, baseando-se no federalismo, na ação direta e na autonomia/independência de classe – e suas tarefas fundamentais são:

"A defesa dos interesses imediatos da classe trabalhadora; A luta pela melhoria das condições de trabalho dos trabalhadores; O estudo dos problemas da produção; O controle da produção e a preparação ideológica, técnica e organizacional para a reconstrução social radical, na qual estas organizações terão a obrigação de assegurar a produção industrial." (FAKB, 2009, pp. 63-64)

As cooperativas agrícolas articulam o campesinato sem-terra e os pequenos proprietários que não exploram o trabalho de outros, com as seguintes tarefas:

"Defender os interesses dos camponeses sem-terra, com pouca ou pequenas parcelas de terra; Organizar os grupos de produção agrícola para estudar os problemas da produção agrícola; Preparar-se para a futura reconstrução social, na qual estas organizações serão as pioneiras na reorganização da produção agrícola, visando assegurar a subsistência de toda a população." (FAKB, 2009, pp. 64-65)

A experiência da FAKB, que se reflete neste documento programático, apresenta elementos históricos relevantes para a compreensão do dualismo organizacional anarquista.
Apontamentos conclusivos
A relevância da discussão sobre as questões organizativas do anarquismo é dupla. Por um lado, ainda é necessário abordar o anarquismo seriamente, contrapondo argumentos sustentados por seus adversários e inimigos, na intenção de proporcionar um conhecimento mais adequado dessa ideologia/doutrina política e de seus principais debates. Por outro, o aprofundamento da discussão sobre o dualismo organizacional pode contribuir com o debate contemporâneo acerca da organização das classes oprimidas[15] , trazendo elementos para a reflexão daqueles que se interessam por movimentos de resistência e luta contra a dominação em geral, e o capitalismo e o Estado em particular.


Notas:

1. Dentre os estudos produzidos nos últimos anos, que tomam por base cortes históricos e geográficos amplos – trabalham com uma periodização de longo prazo, autores e episódios de diversos países e continentes –, podem-se citar: Corrêa, 2012; Corrêa, 2013; Schmidt e van der Walt, 2009; Schmidt, 2012; Schmidt e van der Walt, no prelo; Silva, 2013.

2. Trata-se da noção de que as massas se mobilizam por si mesmas, sem necessidade de organização, articulação ou preparação prévias, podendo, assim, chegar a prover processos de transformação de grande envergadura. Diferencia-se, portanto, da noção de “espontaneidade”, componente inevitável de qualquer mobilização popular transformadora.

3. De acordo com Corrêa, (2012, pp. 168-186), são três os debates centrais entre os anarquistas, tomando como base sua continuidade e permanência, e que constituem os fundamentos da definição de suas correntes (anarquismo de massas e anarquismo insurrecionalista): posições favoráveis e contrárias à organização; posições favoráveis e contrárias aos ganhos de curto prazo (reformas); posições distintas em relação ao contexto de utilização e a função da violência. Além disso há um quarto debate relevante, transversal às correntes anarquistas, sobre o modelo da organização específica anarquista.

4. Conforme apontam Schmidt e van der Walt (2009), em seus 150 anos de história, movimentos populares por local de trabalho e moradia constituíram vetores sociais do anarquismo; constituídos sobre bases classistas, combativas, independentes, autogestionárias e revolucionárias, esses movimentos fortaleceram a intervenção social anarquista.

5. As posições antiorganizacionistas possuem, historicamente, eco significativo entre os anarquistas, mas, conforme demonstram Schmidt e van der Walt (2009), foram sempre minoritárias em relação às outras duas, organizacionistas; com freqüência, as primeiras incorporaram argumentos individualistas externos ao anarquismo, de autores como Max Stirner e Friedrich Nietzsche.

6. O sindicalismo de intenção revolucionária foi, durante o século XX, conforme colocam Schmidt e van der Walt (2009), a posição estratégica hegemônica do anarquismo em nível global, desdobrando-se, principalmente, no sindicalismo revolucionário e no anarco-sindicalismo.

7. Ainda que, conforme Schmidt e van der Walt (2009), seja historicamente minoritário em relação ao sindicalismo de intenção revolucionária.

8. Neste momento, elaboram-se as linhas gerais da teoria do dualismo organizacional anarquista de Bakunin. A teoria da organização política anarquista foi desenvolvida por Bakunin, em escritos e cartas, a partir de 1868, quando foi formada a ADS; escritos sobre o tema elaborados antes disso não são ainda plenamente anarquistas e, por isso, não são aqui utilizados.

9. Sua maior realização histórica concreta foi a criação da AIT em países onde ela ainda não existia e a criação de novas seções da Internacional onde ela já estava em funcionamento; tais foram os casos da Espanha, da Itália, de Portugal e da Suíça, além de casos na América Latina, estimulados por correspondências. (Corrêa, 2013)

10. De acordo com Corrêa (2012), entre os anarquistas, em geral, os fundamentos sociais dessa transformação revolucionária envolvem a substituição da dominação em nível sistêmico, com destaque para a dominação de classe, por um sistema de autogestão generalizada nas três esferas (econômica, política e cultural) e uma sociedade sem classes. Os anarquistas propõem substituir, por meio de um processo revolucionário: a exploração econômica capitalista pela socialização da propriedade, a dominação política do Estado pelo autogoverno democrático, a dominação ideológica e cultural da religião, da educação e, mais recentemente, da mídia, por uma cultura autogestionária. Trata-se, assim, de uma crítica à dominação em geral, com ênfase na dominação de classe, e uma proposição de autogestão generalizada.

11. De acordo com Corrêa (2011), essa posição não implica em uma defesa do “apoliticismo”, mas numa concepção de que os movimentos de massas não devem subordinar-se ou vincular-se a uma posição político-doutrinária determinada; um sindicato revolucionário “anarquista”, por exemplo, como na concepção anarco-sindicalista, tenderia, assim, a afastar trabalhadores com outras concepções. Trata-se de considerar que os movimentos devem abarcar as diferentes posições político-doutrinárias e que uma posição política não pode subordinar os movimentos populares. A posição de Bakunin, assim como a dos sindicalistas revolucionários, anarquistas ou não, sustenta que os movimentos populares devem articular-se em torno de bandeiras concretas que unam os trabalhadores sem um vínculo programático com qualquer doutrina política ou religiosa. Segundo sustentam, os debates entre as diferentes posições políticas deveriam se dar dentro dos movimentos, mesmo que sem apontar para a criação, por exemplo, de sindicatos comunistas, católicos etc.; dentro de um sindicato deveriam estar todos os trabalhadores dispostos a lutar, independente de suas posições políticas ou crenças religiosas.

12. A proposta de organização política de Bakunin implica um modelo, tomando por base a discussão clássica dos “modelos de partido”, em um “partido de quadros” que não concorre às eleições e tem os movimentos populares como campo de atuação; por razão de priorizar a qualidade e não a quantidade de membros e pelo fato de possuir critérios rigorosos de seleção e de ingresso diferencia-se dos “partidos de massa”, que priorizam a quantidade e cujos critérios de participação são bem amplos; filia-se, em geral, quem quer.

13. Assim, podem-se apontar duas diferenças fundamentais entre a teoria organizativa de Bakunin e aquela que será desenvolvida por Lênin, anos a frente. A primeira, em relação à organização interna; ao passo que o partido bakuniniano é federalista, com as decisões sendo compartilhadas coletivamente, de baixo para cima, de maneira democrática e autogestionária, o partido leninista defende o centralismo democrático, com as bases sendo consultadas mas as decisões sendo tomadas pela direção, de cima para baixo, da cúpula hierárquica para as bases, que são obrigadas a acatá-las. A segunda, na relação com os movimentos de massas; o partido bakuniniano defende uma atuação complementar entre partido e movimentos, sem qualquer tipo de hierarquia ou dominação exercida pelo partido – sua função é fortalecer o protagonismo desses movimentos, já que as massas devem ser as responsáveis pela transformação social revolucionária; o partido leninista caracteriza-se por colocar-se acima do povo e, assim, defender a hierarquia entre partido e movimento e, dessa forma, exercer uma relação de dominação. Ao passo que o primeiro defende que o agente da transformação revolucionária é o movimento de massas, o segundo defende que esses movimentos possuem somente capacidade para as lutas de curto prazo, e que o partido deve dotar-lhes de capacidade de longo prazo e, ele próprio, protagonizar a transformação.

14. Dielo Truda. “Plataforma Organizacional dos Comunistas Libertários”, 1926. [http://www.nestormakhno.info/portuguese ... _p...t.htm]

15. O conceito de classes oprimidas, aqui, fundamenta-se em Errandonea (1989). Trata-se de conceituar as classes sociais a partir da categoria dominação, que abarca a exploração. Assim concebidas, as classes sociais estariam para além da esfera econômica e das relações de trabalho; a luta de classes caracterizar-se-ia por dois amplos conjuntos de classes dominadas e dominantes, oprimidas e opressoras. As classes oprimidas são compostas por trabalhadores assalariados da cidade e do campo, camponeses, precarizados, marginalizados e pobres de maneira geral; as classes dominantes incluem, além da burguesia (proprietários dos meios de produção), ricos, gestores da grandes empresas, gestores do Estado como governantes, militares de alto escalão e juízes, além de parte significativa dos proprietários dos grandes meios de informação (mídia), dos líderes religiosos e daqueles que monopolizam estrategicamente o conhecimento.


Bibliografia
BAKUNIN, Mikhail. “Carta a Morago de 21 de maio de 1872”. In: CD-ROM Bakounine: Ouvres Completes, IIHS de Amsterdã, 2000a.
______________. “Carta a Cerretti de 13-27 de março de 1872”. In: CD-ROM Bakounine: Ouvres Completes, IIHS de Amsterdã, 2000b.
______________. “Status Secrets de l’Alliance: programme et objet de l’organization révolutionnaire des frères internationaux”. In: CD-ROM Bakounine: Ouvres Completes, IIHS de Amsterdã, 2000c.
______________. “Status Secrets de l’Alliance: organization de l’Alliance des frères internationaux”. In: CD-ROM Bakounine: Ouvres Completes, IIHS de Amsterdã, 2000d.
______________. “Aux compagnons de la Fédération des sections internationales du Jura”. In: CD-ROM Bakounine: Ouvres Completes, IIHS de Amsterdã, 2000e.
______________. A Política da Internacional. São Paulo: Imaginário/Faísca, 2008.
CORRÊA, Felipe. “Anarquismo e Sindicalismo Revolucionário: uma resenha crítica do livro de Edilene Toledo a partir das visões de Michael Schmidt, Lucien van der Walt e Alexandre Samis”. In: Ideologia e Estratégia: anarquismo, movimentos sociais e poder popular. São Paulo: Faísca, 2011.
_____________. Rediscutindo o Anarquismo: uma abordagem teórica. São Paulo: USP (Mudança Social e Participação Política), 2012.
______________. Surgimento e Breve Perspectiva Histórica do Anarquismo (1868-2012). São Paulo: Biblioteca Virtual Faísca, 2013.
DUNOIS, Amédée. “Anarquismo e Organização”. In: Anarkismo.net, 2010. [http://www.anarkismo.net/article/16943]
ERRANDONEA, Alfredo. Sociologia de la Dominación. Montevideu/Buenos Aires: Nordan/Tupac, 1989.
FAKB (Federação dos Anarco-Comunistas da Bulgária). “Plataforma da Federação dos Anarco-Comunistas da Bulgária”. In: SCHMIDT, Michael. Anarquismo Búlgaro em Armas. São Paulo: Faísca, 2009.
GALLEANI, Luigi. The Principal of Organization to the Light of Anarchism. Anarchist Library, 2011. [http://theanarchistlibrary.org/pdfs/a4/ ... _T...4.pdf]
KOLPINSKY, N. Y. “Epílogo”. In: MARX, Karl; ENGELS, Friedrich; LÊNIN, Vladimir. Acerca del Anarquismo y el Anarcosindicalismo. Moscou: Progresso, 1976.
MALATESTA, Errico. “Sindicalismo: a crítica de um anarquista”. In: Grandes Escritos Anarquistas. Porto Alegre: LP&M, 1998.
________________. “A Organização II”. In: Escritos Revolucionários. São Paulo: Imaginário, 2000a.
________________. “A Organização das Massas Operárias contra o Governo e os Patrões”. In: Escritos Revolucionários. São Paulo: Imaginário, 2000b.
________________. Ideologia Anarquista. Montevidéu: Recortes, 2008.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich; LÊNIN, Vladimir. Acerca del Anarquismo y el Anarcosindicalismo. Moscou: Progresso, 1976.
MONATTE, Pierre. “Em Defesa do Sindicalismo”. In: Grandes Escritos Anarquistas. Porto Alegre: LP&M, 1998.
NETTLAU, Max. Errico Malatesta: la vida de un anarquista. Rosário: Pensamiento y Voluntad, 2012.
SCHMIDT, Michael. Anarquismo Búlgaro em Armas: a linha de massas anarco-comunista. Vol. I. São Paulo: Faísca, 2009.
_______________. Brève Histoire de L’Anarchisme. Quebec: Lux, 2012.
SCHMIDT, Michael; VAN DER WALT, Lucien. Black Flame: the revolutionary class politics of anarchism and syndicalism. Oakland: AK Press, 2009.
____________________________________. Global Fire: 150 fighting years of international anarchism and syndicalism. Oakland: AK Press, no prelo.
SILVA, Rafael V. “Os Revolucionários Ineficazes de Hobsbawm: reflexões críticas de sua abordagem do anarquismo”. In: ITHA, 2013. [http://ithanarquista.wordpress.com/2013 ... v-...bawm/]

Related Link: http://revistaespacolivre.net

Gracias.

Avatar de Usuario
Celine
Mensajes: 854
Registrado: 25 Oct 2012, 20:47
Ubicación: Occidente. Perdido en una pequeña aldea y muerto de asco.

Re: Questões Organizativas do Anarquismo

Mensaje por Celine » 25 Mar 2014, 02:37

Te vendría bien un gallego pero yo no sé si tendría la posibilidad. Si no encuentras ningun traductor mandame el texto de modo que pueda descargarlo (entro por mvl) y te hago un apaño.

Bueno, me animo pero dame tiempo que soy de dedos torpes y muy lento con el maldito teclado. No me hace falta nada mas que tiempo, el texto ya lo he bajado.

Espero te sea util.

Saludos
Al octavo mes ríes
con cinco azahares.
Con cinco diminutas
ferocidades .
Con cinco dientes
como cinco jazmines
adolescentes.

Miguel Hernández

Avatar de Usuario
Celine
Mensajes: 854
Registrado: 25 Oct 2012, 20:47
Ubicación: Occidente. Perdido en una pequeña aldea y muerto de asco.

Re: Questões Organizativas do Anarquismo

Mensaje por Celine » 18 Abr 2014, 01:15

Texto traducido
Al octavo mes ríes
con cinco azahares.
Con cinco diminutas
ferocidades .
Con cinco dientes
como cinco jazmines
adolescentes.

Miguel Hernández

Avatar de Usuario
Xell
Mensajes: 2520
Registrado: 18 Ene 2002, 01:00
Ubicación: movilizada

Re: Questões Organizativas do Anarquismo

Mensaje por Xell » 18 Abr 2014, 08:03

Celine escribió:Texto traducido
buenas compañero, ¿lo has puesto en algún sitio?
- Si quieres tener una visión del futuro, imagina una bota pisoteando un rostro humano... para siempre.

Avatar de Usuario
Celine
Mensajes: 854
Registrado: 25 Oct 2012, 20:47
Ubicación: Occidente. Perdido en una pequeña aldea y muerto de asco.

Re: Questões Organizativas do Anarquismo

Mensaje por Celine » 18 Abr 2014, 09:55

Xell escribió:
Celine escribió:Texto traducido
buenas compañero, ¿lo has puesto en algún sitio?
Esta en revisión y no es cosa mía, mas bien de parco. Así que a esperar.
Al octavo mes ríes
con cinco azahares.
Con cinco diminutas
ferocidades .
Con cinco dientes
como cinco jazmines
adolescentes.

Miguel Hernández

Avatar de Usuario
Xell
Mensajes: 2520
Registrado: 18 Ene 2002, 01:00
Ubicación: movilizada

Re: Questões Organizativas do Anarquismo

Mensaje por Xell » 18 Abr 2014, 10:15

ok, pensaba que se te había quedado en el tintero.
- Si quieres tener una visión del futuro, imagina una bota pisoteando un rostro humano... para siempre.

parco
Mensajes: 243
Registrado: 04 Ene 2011, 21:37

Re: Questões Organizativas do Anarquismo

Mensaje por parco » 10 May 2014, 22:33

Traducido por Celine y con mejor formato en PDF: Cuestiones organizativas del anarquismo en PDF

Publicado originalmente en la revista académica "Espaço Livre" (http://revistaespacolivre.net), num. 15, de 2013, ese texto tiene por objetivo discutir, desde una perspectiva teórico-histórica, algunas cuestiones organizativas relativas al anarquismo.

Cuestiones organizativas del anarquismo
Felipe Corrêa

Introducción

El presente texto tiene por objeto discutir, desde una perspectiva teórico-histórica, algunas cuestiones organizativas relativas al anarquismo. El contesta a la afirmación repetida constantemente, de que esta sería una ideología/doctrina esencialmente espontaneista y contraria a la organización. Retomando el debate sobre la organización entre anarquistas, el articulo afirma haber tres posiciones fundamentales sobre el asunto: aquellos que son contrarios a la organización y/o defienden articulaciones informales en pequeños grupos (antiorganicionismo), aquellos que defienden solamente a la organización en el nivel de masas (sindicalismo/comunitarismo) y aquellos que sustentan la necesidad de articulación en dos niveles, político-ideológico de masas (dualismo organizacional).
Profundizando en las posiciones de la tercera corriente, trayendo elementos teóricos de M. Bakunin y, a continuación presentando un caso histórico en el que los anarquistas sostuvieron, en teoría y práctica, esa posición: la actuación de la Federación de los Anarco-Comunistas de Bulgaria (FAKB) entre los años 1920 y 1940.


Anarquismo: ¿espontaneísmo y antiorganicionismo?

En el epílogo que realiza, a la compilacion de textos de Karl Marx, Friedrich Engels y Vladimir I Lenin sobre el anarquismo (Marx, Engels, Lenin, 1976) -una obra financiada por Moscú en el contexto soviético para promover las
ideas del marxismo-leninismo - Kolpinsky (1976, pp. 332-333) afirma que el anarquismo es una doctrina “pequeño-burguesa”, “ajena al proletariado”, basada en el “aventurarismo”, en las “concepciones voluntaristas” y en los “sueños utópicos sobre la libertad absoluta del individuo”. Además de eso, enfatiza:

Son propios de todas las corrientes anarquistas los sueños utópicos de creación de una sociedad sin estado y sin clases explotadoras, por medio de una rebelión espontánea de las masas populares y de la abolición inmediata del poder del Estado y de todas sus instituciones, y no por medio de la lucha política de la clase obrera, de la revolución
socialista y del establecimiento de la dictadura del proletariado
”. (Kolpinsky, 1976, p. 332, cursiva añadida)

Afirmaciones de ese tipo fueron hechas durante toda las historia del anarquismo, tanto por sus adversarios, como por sus enemigos. Todavía, diversos estudios recientes de base teórica y/o histórica[1] vienen demostrando que tales afirmaciones no poseen respaldo de la realidad en los hechos.

Conforme se ha sustentado más detalladamente en otros estudios (Corrêa, 2012) el espontaneismo [2] y la posición contraria a la organización no constituyen principios políticos-ideológicos del anarquismo y, por eso, no son comunes a todas sus corrientes. La cuestión organizativa caracteriza uno de los debates mas relevantes entre los anarquistas y está en la base de la constitución de las propias corrientes del anarquismo [3].

Un análisis amplio del anarquismo, en términos históricos y geográficos, como el realizado por Michael Schmidt y Lucien van der Walt (2009), permite afirmar que hay un sector minoritario, contrario a la organización y otro, mayoritario que la defiende; los anarquistas poseen distintas concepciones de la organización a nivel de masas, incluyendo articulación comunitaria y sindical [4], y diferentes posiciones acerca de la organización especifica anarquista.

Tres posiciones anarquistas sobre la organización

De acuerdo con Schmidt y van der Walt (2009, p 239), en el debate anarquista sobre la cuestión organizativa, se evidencian tres posiciones fundamentales: 1,) el antiorganicianismo. Que se coloca, en general, contra la organización, tanto as nivel social, de masas, como a nivel político-ideológico, específicamente anarquista; eses anarquistas defienden el espontaneismo o, como máximo, la articulación en redes informales y/o pequeños grupos de militantes; 2.) el sindicalismo/comunitarismo, comprendiendo que la organización de los anarquistas se debe dar solamente a nivel social, de masas, y que las organizaciones políticas anarquistas serian redundantes, en algunos casos hasta peligrosas; ya que los movimientos populares, dotados de una capacidad revolucionaria, pueden llevar a cabo todas las proposiciones anarquistas; 3.) el dualismo organizacional. Que sustenta ser necesario articularse, al mismo tiempo, en movimientos de masas y organizaciones políticas, con vistas a promover las posiciones anarquistas de manera mas coherente y eficaz en movimientos mas amplios.

El antiorganizacionismo posee sus bases en proposiciones como las de Luigi Galleani, militante anarquista italiano que cree que una organización política – o como la denominaba su paisano Errico Malatesta, un “partido anarquista” –
conduce necesariamente a una jerarquía de tipo gubernamental que viola la libertad individual:

El partido, cualquier partido, posee su programa, que es su propia constitución, posee su asamblea de secciones o grupos delegados, su parlamento; en su cuerpo directivo o en sus secciones ejecutivas posee su propio gobierno. Por tanto, es una superposición gradual de cuerpos por medio de los cuales una jerarquía real y verdadera se impone entre los varios niveles e esos grupos que están ligados: a la disciplina, a las infracciones, a las contradicciones que son tratadas con sus castigos correspondientes, que pueden ser tanto la censura como la expulsión”. (Galleani, 2011 p. 2)

Galleani sustenta que los anarquistas deben de asociarse en redes poco organizadas, casi informales, pues la organización, principalmente programática, conduce a la dominación. Tal posición fue asumida tanto en relación a los
agrupamientos anarquistas, como en relación a los movimientos populares de forma generalizada. Para Galleani (2011, p. 3; 6; traducción nuestra), “el movimiento anarquista y el movimiento obrero recorren caminos paralelos y la constitución geométrica de lineas paralelas esta hecha de manera que ellos nunca se puedan encontrar o puedan coincidir”. Anarquismo o movimiento popular constituyen, para él, campos distintos; las organizaciones obreras
son víctimass de un “conservadurismo ciego y parcial” responsable de “establecer un obstáculo, muchas veces un peligro” a los objetivos anarquistas. Los anarquistas, según mantiene, deben actuar por medio de la educación, de la propaganda, y de la acción directa violenta, sin involucrarse en los movimientos de masas organizados. [5]

El sindicalismo/comunitarismo se vincula a la idea de que el movimiento popular posee todas las condiciones para barcar posiciones libertarias y revolucionarias, de manera que cumpliría todas las funciones necesarias a un proceso de transformación; las organizaciones políticas anarquistas son innecesarias o una cuestión secundaria. Si las defensas de la organización exclusivamente a nivel comunitario son escasas (como en las proposiciones del norte-americano Murray Bookchin), no ocurre lo mismo con el sindicalismo de intención revolucionaria. [6]

Esa posición es defendida por muchos sindicalistas revolucionarios, como fue el caso del francés Pierre Monatte (1998, p. 206-207) que, en el Congreso Anarquista de Amsterdam, en 1907, mantiene que el sindicalismo revolucionario “se basta a si mismo”. Monatte cree que el movimiento popular iniciado por la Conféderation Generale du Travail (CGT), en Francia, en 1895, había posibilitado una reaproximación entre los anarquistas y las masas y por eso recomienda: “que todos los anarquistas ingresen en el sindicalismo”. Por más que el contexto histórico posea relevancia en el alejamiento que sucedió en Francia, después de la Comuna de París, entre el anarquismo y los movimientos de masas, esa posición de Monatte fue predominante en el anarquismo del siglo XX en todo el mundo, si no en teoría, por lo menos en la práctica.

En ese mismo congreso, que puede ser considerado el primer momento histórico de debate amplio sobre las cuestiones organizativas del anarquismo, otros anarquistas se posicionarón. Malatesta (1998, p. 208) concordaba con la participación anarquista en los movimientos populares, pero reforzaba: ”dentro de los sindicatos es preciso que permanezcamos anarquistas, con toda la fuerza y amplitud implícitas de esa definición”; es decir, el anarquismo no se podría disolver en el movimiento sindical, no podría ser tragado por él, dejando de existir como ideología/doctrina con posiciones e instancias propias. Posición semejante, pero con una base más enfáticamente clasista, fue defendida por Amedée Dunois, que mantenía, además del trabajo sindical, la necesidad de una organización anarquista:

Los anarquistas sindicalistas […] están abandonados a si mismos y, fuera del sindicato no poseen ningún contacto real entre ellos o sus otros compañeros. Ellos no poseen ningún apoyo y no reciben ayuda. Por eso, pretendemos crear ese contacto, proporcionar ese apoyo constante; y yo estoy personalmente convencido de que la unión de nuestras actividades solo puede traer beneficios, tanto en términos de energía, como de inteligencia. Y cuanto mas fuertes somos – y solo seremos fuertes organizándonos – mas fuerte será el flujo de ideas, que podremos sostener en el movimiento obrero, que se ira, poco a poco, impregnando del espíritu anarquista. […] Seria suficiente para la
organización anarquista agrupar, en torno a un programa de acción práctica y concreta, todos los compañeros que acepten nuestros principios y que quieran trabajar con nosotros, de acuerdo a nuestros métodos
”. (Dunois, 2010)

Las posiciones de Malatesta y Dunois se refieren al dualismo organizacional, que se apoya en la idea de que los anarquistas se deben organizar, paralelamente, en dos niveles: uno social, de masas, y otro político-ideológico, anarquista. Malatesta (2000a, pp. 56; 55; 60) define el “partido anarquista” como “el conjunto de aquellos que quieren contribuir para realizar la anarquía, y que por consecuencia, precisan fijar un objetivo a alcanzar y un camino a recorrer”. “Permanecer incomunicado, haciendo o queriendo hacer cada uno por su cuenta, sin entenderse con los otros, sin prepararse, sin agrupar las débiles fuerzas de los incomunicados”, significa para los anarquistas, “condenarse a la debilidad, desperdiciar sus energías en pequeños actos ineficaces, perder rápidamente la fe en el objetivo y caer en la completa innacción”. La manera de superar el aislamiento y la falta de coordinación es invirtiendo en la formación de una organización política anarquista: “si no quiere permanecer inactivo e impotente, [el militante anarquista] se deberá procurar otros individuos que piensen como él, y volverse iniciador de una nueva organización”.

Pero, para Malatesta (2000b), la organización especifica anarquista no es suficiente: “favorecer las organizaciones populares de todos los tipos es la consecuencia lógica de nuestras ideas fundamentales y, así debería formar parte integral de nuestro programa”. Apunta en ese sentido, la necesidad de un trabajo de base intenso en medio de las organizaciones populares de masas:

Es preciso, por tanto, en tiempos normales, realizar el trabajo amplio y paciente de preparación y organización popular y no caer en la ilusión de la revolución a corto plazo, factible solamente por la iniciativa de unos pocos, sin
participación suficiente de las masas. A esa preparación, contando que ella pueda ser realizada en un ambiente adverso, hay, entre otras cosas, la propaganda, la agitación y la organización de las masas que nunca deben de ser descuidadas
”. (Malatesta, 2008, p. 31)

Los anarquistas organizacionistas (sindicalistas, comunitaristas, dualistas organizacionales) han contribuido, teórica y prácticamente, con el debate sobre las cuestiones organizativas del anarquismo. El dualismo organizacional [7] posee contribuciones que serán, enseguida, abordadas teórica y prácticamente por medio de los escritos de Mikhail Bakunin y de la experiencia de la Federación de los Anarco-comunistas de Bulgaria.

Anarquismo y dualismo organizacional: los escritos de M. Bakunin

El dualismo organizacional se vincula a las propias raíces del anarquismo, siendo formulado en la obra de Bakunin, que se refiere, con frecuencia, a las practicas de la Alianza de la Democracia Socialista (ADS) en el seno de la asociación internacional de los trabajadores (AIT) . [8]

Para Bakunin (2000a; traducción nuestra) la ADS tiene un doble objetivo; por un lado, estimular el crecimiento y el fortalecimiento de la AIT [9]; y por otro, aglutinar en torno a unos principios, un programa y una estrategia común, a
aquellos que posean afinidades político-ideológicas con el anarquismo. En suma, crear/fortalecer una organización política y un movimiento de masas:

Ellos, [los militantes de la ADS] formarán la alma inspiradora y vivificante de ese inmenso cuerpo al que llamamos Asociación Internacional de los Trabajadores […]; en seguida se ocuparan de las cuestiones que son imposibles de ser tratadas públicamente – ellos formaran el puente necesario entre la propaganda de las teorías socialistas y la práctica revolucionaria.” (Bakunin, 2000b)

Bakunin (2000c, 2000b, 2000a, traducción nuestra) sostiene que la ADS no necesita de una cantidad muy grande de militantes: “el número de esos individuos no debe pues ser enorme”; ella constituye una organización política,
pública y secreta, de minoría activa, con responsabilidad colectiva entre los integrantes, que reúne “a los miembros más seguros, los más devotos, los más inteligentes y los más enérgicos, en unas palabra, los más íntimos”, nucleados en diversos países, con condiciones de influenciar de forma determinante a las masas.

Esa organización tiene por base una regulación interna y un programa estratégico, los cuales establecen, respectivamente, su funcionamiento orgánico, sus bases político-ideológicas y programático-estratégicas, forjando un eje común para la actuación anarquista. Pueden hacerse miembros de la organización, según Bakunin (2000d, 2000c; traducción nuestra) solamente “aquellos que hubiesen francamente aceptado todo el programa con todas sus consecuencias teóricas y prácticas y que, junto a la inteligencia, la energía, la honestidad y la discreción, tienen aún la pasión revolucionaria”.

Internamente, no hay jerarquía entre los miembros, y las decisiones son tomadas de abajo hacia arriba, en general por mayoría (variando del consenso a la mayoría simple, dependiendo de la relevancia de la cuestión), y con todos los
miembros acatando las decisiones tomadas colectivamente. Eso significa aplicar el federalismo – defendido como forma de organización social, que debe de descentralizar el poder y crear “una organización revolucionaria de abajo hacia arriba y de la circunferencia al centro” - en las instancias internas de la organización anarquista.

Incentivar el crecimiento y el fortalecimiento de la AIT en diferentes países, e influenciarla en el sentido de su programa constituye también, conforme se ha señalado, uno de los objetivos de la ADS. Este amplio movimiento de
masas internacional e internacionalista, según Bakunin (2008, p. 67) debe de ser el protagonista de la revolución social, ya que ninguna revolución puede triunfar si no es exclusivamente por la fuerza del pueblo”. Tal proceso revolucionario – que no se puede resumir en cambios esencialmente políticos, y sí alcanzar los mas profundos fundamentos sociales, incluyendo la economía – altera las bases del sistema capitalista/estatista y establece el socialismo libertario. [10]

La asociación internacional de los trabajadores, fiel a su principio, jamás apoyaría una agitación política que no tenga por objetivo inmediato y directo la completa emancipación económica del trabajador, esto es, la abolición de la
burguesía como clase económicamente separada de la masa de la población, ni cualquier revolución que desde el primer día, desde la primera hora, no incluya en su bandera la liquidacion social. […] Ella dará a la agitación laboral en todos los países un carácter esencialmente económico, colocando como objetivos la disminución de la jornada de trabajo y el aumento de los salarios; como medios, la asociación de las masas obreras y la formación de cajas de
resistencia. […] Ella se ampliará, en fin, organizandose con firmeza atravesando las fronteras de todos los países a fin de que, cuando la revolución, conducida por la fuerza de las cosas, haya eclosionado, exista una fuerza real, sabiendo lo que debe hacer y, por eso mismo, capaz de apoderarse de ella y darle una dirección verdaderamente constructiva para el pueblo; una organización internacional seria de las asociaciones obreras de todos los países, capaz de sustituir ese mundo político de los estados y de la burguesía que parte.
" (Bakunin, 2008, pp. 67-69)

El movimiento de masas moviliza trabajadores a partir de sus necesidades económicas y organiza las luchas sindicales a corto plazo, por medio de mecanismos organizativos propios e instituciones creadas por los trabajadores,
abarcando el centro de trabajo y el domicilio; la acumulación permanente de la fuerza social de los trabajadores y la
radicalización de las luchas permite el avance hacia la revolución social.

Crear una asociación popular con base en necesidades económicas implica, “eliminar inicialmente del programa de esta asociación todas las cuestiones políticas y religiosas”, pues lo mas relevante es ”buscar una base común, una serie de simples principios sobre los cuales todos los obreros, cualesquiera fueran por otra parte sus aberraciones políticas y religiosas, […] están y deben de estar de acuerdo”. Al paso que la cuestión económica une a los trabajadores, cuestiones político-ideológicas y religiosas los separan; éstas, aún no constituyendo principios de la AIT, deben de ser debatidas al lo largo del proceso de las luchas. [11] (Bakunin, 2008 pp. 42-43)

Se trata de estimular la unidad de los trabajadores sobre bases clasistas, por medio de la asociación en torno a intereses comunes de un conjunto de sujetos oprimidos –trabajadores del campo y de la ciudad, campesinado y marginados en general-, para la lucha de clases directa contra las clases dominantes, pues “el antagonismo que existe entre el mundo obrero y el mundo burgués” no permite “ninguna reconciliación”. En la lucha de clases los trabajadores conocen “a sus verdaderos enemigos,, que son las clases privilegiadas, incluyendo al clero, la burguesía, la nobleza y el Estado”, comprenden las razones que los unen a los otros oprimidos, adquieren consciencia de clase, perciben los intereses compartidos, conocen cuestiones político-filosóficas; eso constituye un verdadero proceso pedagógico. (Bakunin, 2008 pp. 56-54)

El movimiento de masas debe, todavía, constituir las bases organizacionales e institucionales de la sociedad futura y mantener una coherencia con sus objetivos revolucionarios y socialistas. Bakunin (2000e; traducción nuestra) enfatiza que una “sociedad igualitaria y libre“ no emanará “de una organización autoritaria”; por tanto, a “la internacional”, embrión de la futura sociedad humana, debe ser, desde ya, la imagen fiel de nuestros principios de libertad y de federación, y rechazar en su seno todo principio tendente a la autoridad, a la dictadura”. Él sostiene una coherencia entre medios y fines; la AIT debe de organizarse de manera libertaria y federalista -es necesario, dice Bakunin, “aproximar lo máximo posible esa organización a nuestro ideal”-, estimulando la creación de un andamiaje organizativo e institucional que pueda sustituir al capitalismo y al Estado: “la sociedad futura no debe ser otra cosa sino la universalización de la organización que la Internacional haya creado”.

La ADS no ejerce relación de dominación y/o jerarquía sobre la AIT, si no que la complementa; y viceversa. Juntas, esas dos instancias organizativas se complementan y potencian el proyecto revolucionario de los trabajadores, sin la sumisión de cualquiera de las partes. [12]

La alianza es el complemento necesario de la Internacional... -Pero la Internacional y la Alianza, tendiendo para el mismo objetivo final, persiguen al mismo tiempo objetivos diferentes. Una tiene por misión reunir a las masas obreras, los millones de trabajadores, con sus diferentes profesiones y países, a través de las fronteras de todos los Estados, en un solo cuerpo inmenso y compacto; la otra, la Alianza, tiene por misión dar a las masas una dirección realmente revolucionaria. Los programas de una y de la otra, sin ser en modo alguno opuestos, son diferentes por el propio grado de su desarrollo respectivo. El de la Internacional si es tomado en serio, contiene en germen, mas sólo en germen, todo el programa de la Alianza. El programa de la Alianza es la explicación última del [programa] de la Internacional”.(Bakunin, 2000a)

La unión de esas dos organizaciones -una política, de minorías (cuadros); otra social, de mayorías (masas)- y su articulación horizontal y permanente potencian la fuerza de los trabajadores y aumentan las oportunidades del proceso de transformación anarquista. Dentro del movimiento de masas, la organización política da más eficacia a los anarquistas en las disputas de posiciones. Ella contrapone, organizadamente y en favor de su programa, a fuerzas que se dirigen en sentido contrario y que buscan: elevar a la condición de principio una de las diferentes posiciones político-ideológicas y/o religiosas, minimizando su carácter eminentemente clasista, fortaleciendo las posiciones reformistas (que ven la reforma como un fin) y la perdida de combatividad del movimiento, estableciendo jerarquías internas y/o relaciones de dominación, dirigendo la fuerza de los trabajadores hacia las elecciones y/o hacia estrategias de cambio que impliquen la toma del Estado, someter el movimiento a partidos, Estados u otros organismos que eliminan, en ese proceso, el protagonismo de las clases oprimidas y de sus instituciones. [13]

Anarquismo y dualismo organizacional: la experiencia de la Federación de los Anarco-Comunistas de Bulgaria

En este momento se presentan las lineas generales del dualismo organizacional anarquista, desarrollado por la experiencia de la Federación de los Anarco-Comunistas de Bulgaria (FAKB) entre los años 1920 y 1940.

En el Este europeo, los anarquistas tuvieron una actuación determinante, en 1903, en la revuelta de Macedonia, implicados en dos episodios: el primero, con la revuelta de Ilinden y la proclamación de la Comuna de Krouchevo; el segundo con la insurrección de Preobrojenié y la proclamación de la Comuna de Strandzha, ambas libertarias. La comuna de Strandzha fue responsable de la toma del territorio y del establecimiento de experiencias de autogestión durante un mes, constituyendo la primera tentativa local de edificar una nueva sociedad sobre los principios del omunismo libertario. Con el aplastamiento de la revuelta y de las experiencias por ella constituidas, se fundaran en Bulgaria, periódicos relevantes como Sociedad Libre, Acracia, Probuda, Rabotnicheska Misl, diversos grupos anarquistas y, en 1914, un grupo de Ruse lanzó las bases de un movimiento anarco-sindicalista. Después de problemas ocasionados por la Primera Guerra, el anarquismo búlgaro resurgió renovado con la fundación de la Federación de los Anarco-Comunistas de Bulgaria (FAKB), en 1919, en un congreso con 150 delegados.

En el caliente año de 1919, en el auge de la revuelta global de los trabajadores contra el capitalismo, los anarco-sindicalistas búlgaros (los primeros grupos se habían establecido en 1910) y el núcleo de la antigua Federación Anarquista Macedonica y Búlgara (un núcleo que había sido fundado en 1909) hicieron un llamado al movimiento
para reorganizarse. La Federación de los Anarco-Comunistas de Bulgaria (FAKB) fue fundada en un congreso abierto por el guerrillero anarquista Mikhail Gerdzhikov (1877-1947), uno de lols fundadores del comité Revolucionario Clandestino Macedonico (MTRK) en 1898 y comandante de su cuerpo de Primera Linea en la Revuelta Macedonica de
1903
”. (Schmidt, 2009, p. 7)

De acuerdo con Schmidt (2009, p. 9), en Bulgaria, la FAKB protagonizo experiencias relevantes que implicaban sindicalismo urbano y rural, cooperativas, guerrilla y movilización de la juventud; “la FAKB se constituyo en secciones: sindical, guerrillera, profesional y de juventudes, lo que la diferenciaba en toda la sociedad búlgara”. Ella ayudo a fundar y fortalecer organizaciones como “la Federación Búlgara de Estudiantes Anarquistas (BONSF); una federación de artistas anarquistas, escritores, intelectuales, médicos e ingenieros; y la Federación de la Juventud Anarquista (FAM), que tenia extensiones en la ciudades, en los pueblos y en todas las grandes escuelas”.

Su 5º congreso, en 1923, contó con 104 delegados y 350 observadores de 89 organizaciones, lo que muestra la amplia influencia anarquista, posiblemente mayoritaria entre los trabajadores de Yambol, Kyustendil, Rodomir, pueblo de Nueva Zagora (Khaskjovo), Kilifaevo y Delebets, además de la creciente influencia en Sofia, Plovdiv, Ruse
y otros centros. El crecimiento de la (FAKB) atrajo represiones severas de la derecha fascista que, entre 1923 a 1931, matá a más de 30 mil obreros. Conforme señala Schmidt (2009, p. 16) en ese contexto muchos militantes de la FAKB fueron asesinados; aún así, otros, que no fueron exiliados, “formaron destacamentos de combate conocidos como 'cheti' y se involucraron en un importante esfuerzo para coordinar un levantamiento con el BKP [Partido Comunista Búlgaro] en 1923”, y también se implicaron en combates guerrilleros, en 1925, junto con el BKN y la BZS [Unión Agraria Búlgara].

Entre 1926 y 1927, la FAKB adopto la “Plataforma” del grupo de exiliados rusos Dielo Truda[14,], que sustentaba la
necesidad de una organización anarquista programática, fundamentada en la unidad ideológica, en la unidad táctica (método colectivo de acción), en la responsabilidad colectiva y en el federalismo, que tuvo un impacto relevante sobre la elaboración de su programa de 1945, la “Plataforma de la FAKB”, la cual sera abordada más adelante.

En 1930, en Bulgaria, apunta Schmidt (2009, p. 23-25), se destaca la influencia anarquista en la formación de la
Confederación Vlassovden, organización sindical rural, que se articuló en torno de múltiples demandas: ”reducción de los impuestos directos e indirectos, disolución de los carteles agrarios, asistencia médica gratuita para los campesinos, seguro y jubilación para los trabajadores agrícolas y la autonomía de la comunidad”. Extendiéndose rápidamente, el llamado ”sindicalismo vlassovden” llegó, el año siguiente, a estar representado en 130 secciones de la confederación, posibilitando un “gran avance de las organizaciones y publicaciones anarquistas, de modo que el
movimiento anarquista, en aquel momento, puede ser situado como la tercera mayor fuerza en la izquierda, después de la BZS y del BKP”.

Durante la Revolución Española (1936-1939), 30 anarquistas Búlgaros lucharon como voluntarios en las milicias anarquistas.

Entre 1941 y 1944, una guerrilla anarquista combatió al nazi-fascismo, aliándose al Frente Patriótico en la organización de la insurrección de septiembre de 1944 contra la ocupación nazi. Mientras tanto, con el Ejército Rojo sustituyendo a los alemanes como fuerza de ocupación, se estableció una alianza entre la derecha y la izquierda -llamada “alianza rojo-naranja-marrón” (Schmidt, 2009 p. 33)- que reprimió brutalmente a los anarquistas. Los trabajadores fueron obligados a entrar en un sindicato único, ligado al Estado, en una política claramente inspirada en Mussolini, y, en 1945, en un congreso de la FAKB, en Sofía, la milicia comunista arresto a los 90 delegados presentes, lo que no impidió que el periódico de la FAKB, Rabotnicheska Misl, llegase en aquel año, a una tirada de 60 mil ejemplares por número. A finales de los años 1940, de acuerdo con Schmidt (2009, p. 36), centenares de
anarquistas habían sido ejecutados y cerca de 1000 militantes de la FAKB fueron mandados a campos de concentración donde las torturas, los malos tratos y el hambre de los veteranos antifascistas (es decir no comunistas) […] eran prácticamente rutina”. Fue prácticamente el final de la experiencia de la FAKB, iniciada en 1919.

En un balance de esa experiencia organizativa, se puede decir que ella permite concluir.

que varios tipos de organización de clase trabajadora son indispensables y entrelazadas, sin subordinación de una a la otra: organizaciones ideológicas anarco-comunistas, sindicatos obreros, sindicatos de agricultores, cooperativas y organizaciones culturales y de intereses específicos, por ejemplo, de jóvenes y mujeres”. (Schmidt, 2009, p, 42)

La práctica de la FAKB durante esas más de dos décadas, así como el aporte teórico que se produjo en ese periodo, juntamente con la relación establecida con la “Plataforma” del Dielo Truda, se vio reflejado, en 1945, en un documento programático: la “Plataforma de la Federación de los Anarco-Comunistas de Bulgaria”. De acuerdo con ese documento, la FAKB preveía, apoyandose en el dualismo organizacional, una organización política anarquista y un
movimiento de masas de la ciudad y del campo, formado por sindicatos y cooperativas.

La organización política anarquista reúne a los anarquistas, por medio de principios político-ideológicos anarco- comunistas, articulándose regionalmente, con las siguientes tareas fundamentales:

El desarrollo, la realización y la difusión de las ideas anarco-comunistas; el estudio de todas las cuestiones actuales y vitales de la vida cotidiana de las masas trabajadoras y los problemas de la reconstrucción social; la lucha multifacética por la defensa de su ideal social y por la causa del pueblo trabajador; La participación en la creación de grupos de trabajadores, en el nivel de producción, profesión, intercambio y consumo, cultura y educación, y todas las otras organizaciones que pueden ser útiles en la preparación de la reconstrucción social; La participación
armada en toda insurrección revolucionaria; La preparación y la organización de estas insurrecciones; La tilización de todos los medios correctos que puedan conducir a la revolución social
”.(FAKB, 2009, pp. 61-62)

Los anarquistas también participan de los movimientos de masas, en especial de los sindicatos y las cooperativas. Los sindicatos de trabajadores deben articular la fuerza de los trabajadores -a partir de una articulación por local
de trabajo o categoría, basándose en el federalismo, en la acción directa y en la autonomía/independencia de clase- y sus tareas fundamentales son:

La defensa de los intereses inmediatos de la clase trabajadora; La lucha por la mejora de las condiciones de trabajo de los trabajadores; El estudio de los problemas de la producción; El control de la producción y la preparación ideológica, técnica y organizativa para la reconstrucción social radical, en la cual estas organizaciones
estarán obligadas de asegurar la producción industrial
”. (FAKB, 2009, pp. 63-64)

Las cooperativas agrícolas articulan al campesinado sin tierra y a los pequeños propietarios que no explotan el trabajo de otros, con las siguientes tareas:

Defender los intereses de los campesinos sin tierras, con poca o pequeñas parcelas de tierra; Organizar a los grupos de producción agrícola para estudiar los problemas de la producción agrícola; Prepararse para la futura reconstrucción social, en la que estas organizaciones serán las pioneras en la reorganización de la producción agrícola,
mirando de asegurar la subsistencia de toda la población.
”(FAKB, 2009, pp. 64-65)

La experiencia de la FAKB, que se refleja en este documento programático, presenta elementos históricos relevantes para la comprensión del dualismo organizacional anarquista.

Apuntes conclusivos

La relevancia de la discusión sobre las cuestiones organizativas del anarquismo es doble. Por un lado, aún es necesario abordar el anarquismo seriamente, contraponiendo argumentos sustentados por sus adversarios y enemigos, con la intención de proporcionar un conocimiento más adecuado de esa ideología/doctrina política y de
sus principales debates. Por otro, el ahondamiento de la discusión sobre el dualismo organizacional puede contribuir al debate contemporáneo acerca de la organización de las clases oprimidas [15], trayendo elementos para la reflexión de aquellos que se interesan por movimientos de resistencia y lucha contra la dominación en general, y el capitalismo y el Estado en particular.

Notas:

1.De entre los estudios producidos en los últimos años, que toman por
base cortes históricos y geográficos amplios -trabajan con una
periodicidad de largo plazo, autores y episodios de diversos países
y continentes- se pueden citar: Corrêa, 2002; Corrêa, 2013; Schmidt
y van der Walt, 2009; Schmidt, 2012; Schmidt y van der Walt, inédito;
Silva, 2013.

2. Se trata de la noción de que las masas se
movilizan por si mismas, sin necesidad de organización, articulación
o preparación previas, pudiendo así, llegar a proveer procesos de
transformación de gran envergadura. Se diferencia por tanto, de la
noción de “espontaneidad”, componente inevitable de cualquier
movilización popular transformadora.

3. De acuerdo con Corrêa, (2012, pp. 168-186) son tres los debates centrales entre los
anarquistas, tomando como base su continuidad y permanencia, y que
constituyen los fundamentos de la definición de sus corrientes
(anarquismo de masas y anarquismo insurrecionalista): posiciones
favorables y contrarias a la organización, posiciones favorables y
contrarias a las victorias a corto plazo (reformas); posiciones
distintas en relación al contexto de utilización y la función de
la violencia. Mas allá de eso hay un cuarto debate relevante, ,
transversal a las corrientes anarquistas, sobre el modelo de la
organización especifica anarquista.

4. Según apuntan Schmidt y van der Walt (2009), en sus 150 años de historia, movimientos
populares por local de trabajo y vivienda constituían vectores
sociales del anarquismo, conformados sobre bases clasistas,
combativas, independientes, autogestionarias y revolucionarias, eses
movimientos fortalecieron la intervención social anarquista.

5. Las posiciones antiorganicionistas poseen, históricamente, eco
significativo entre los anarquistas, pero, conforme demuestran
Schmidt y van der Walt (2009), fueron siempre minoritarias en
relación a las otras dos, organicionistas; con frecuencia, las
primeras incorporaron argumentos individualistas externos al
anarquismo, de autores como Max Stirner y Friedrich Nietzsche.

6. El sindicato de intención revolucionaria fue, durante el siglo XX,
conforme señala Schmidt y van der Walt (2009), la posición
estratégica hegemónica del anarquismo a nivel global,
desdoblándose, principalmente, en el sindicalismo revolucionario y
en el anarco-sindicalismo.

7. Aunque, conforme Schmidt y van
der Walt (2009), sea históricamente minoritario, en relación al
sindicalismo de intención revolucionaria.

8. En este momento, se elaboran las lineas generales de la teoria del dualismo
organizacional anarquista de Bakunin. La teoría y la organización
política anarquista fue desarrollada por Bakunin, en escritos y
cartas, a partir de 1868, cuando fue formada la ADS; escritos sobre
el tema elaborados antes de eso no son aún plenamente anarquistas y,
por eso, no son aquí utilizados.

9. Su mayor realización histórica concreta fue la creación de las AIT en países donde ella
aún no existía y la creación de nuevas secciones de la
Internacional donde ya estaba en funcionamiento;tales fueron los
casos de España, de Italia, de Portugal y de Suiza, mas allá de
casos en la América Latina, estimulados por correspondencias.
(Corrêa, 2003)

10. De acuerdo con Corrêa (2012), entre los
anarquistas, en general, los fundamentos sociales de esa
transformación revolucionaria envuelven la sustitución de la
dominación en nivel sistémico, con relieve para la dominación de
clase, por un sistema de autogestión generalizada en las tres
esferas (económica, política y cultural) y una sociedad sin clases.
Los anarquistas proponen sustituir, por medio de un proceso
revolucionario: la explotación económica capitalista por la
socialización de la propiedad, la dominación política del Estado
por el autogobierno democrático, la dominación ideológica y
cultural de la religión, de la educación y, más recientemente, de
los medios de comunicación, por una cultura autogestionaria. Se
trata, así, de una crítica a la dominación en general, con énfasis
en la dominación de clase, y una proposición de autogestión
generalizada.

11. De acuerdo con Corrêa (2011), esa posición
no implica una defensa del “apoliticismo”, si no una concepción
de que los movimientos de masas no deben subordinarse o vincularse a
una posición político-doctrinaria determinada; un sindicato
revolucionario “anarquista”, por ejemplo, como en la concepción
anarco-sindicalista, tendería, así, a alejar trabajadores con otras
concepciones. Se trata de considerar que los movimientos deben
abarcar las diferentes posiciones político-doctrinales y que una
posición política no puede subordinar los movimientos populares. La
posición de Bakunin, así como la de los sindicalistas
revolucionarios, anarquistas o no, sustenta que los movimientos
populares deben articularse en torno de banderas concretas que unan a
los trabajadores sin un vinculo programático con cualquier doctrina
política o religiosa. Segundo sustentan, los debates entre las
diferentes posiciones políticas se deberían de dar dentro de los
movimientos, aunque sin apuntar para la creación, por ejemplo, de
sindicatos comunistas, católicos etc; dentro de un sindicato
deberían de estar todos los trabajadores dispuestos a luchar,
independientemente de sus posiciones políticas o creencias
religiosas.

12. La propuesta de organización política de
Bakunin implica un modelo, tomando por base la discusión clásica de
los “modelos de partido” en un “partido de cuadros” que no
concurre a las elecciones y tiene a los movimientos populares como
campo de actuación; por razón de priorizar la calidad y no la
cantidad de miembros y por el hecho de poseer criterios rigurosos de
selección y de ingreso diferenciándose de los “partidos de
masas”, que priorizan la cantidad y cuyos criterios de
participación son bien amplios; se afilia, en general, quien
quiere.

13. Así se pueden apuntar dos diferencias
fundamentales entre la teoría organizativa de Bakunin y aquella que
será desarrollada por Lenin, años después. La primera, en relación
a la organización interna; mientras que el partido Bakuniano es
federalista, con las decisiones siendo compartidas colectivamente, de
abajo hacia arriba, de manera democrática y autogestionaria, el
partido leninista defiende el centralismo democrático, con las bases
siendo consultadas pero las decisiones tomadas por la dirección, de
arriba hacia abajo, de la cúpula jerárquica hacia las bases, que
son obligadas a acatarlas. La segunda, en relación con los
movimientos de masas; el partido bakuniano defiende una actuación
complementaria entre partido y movimientos, sin cualquier tipo de
jerarquías o dominación ejercida por el partido -su función es
fortalecer el protagonismo de esos movimientos- ya que las masas
deben ser las responsables de la transformación social
revolucionaria; el partido leninista se caracteriza por situarse por
encima del pueblo y, así, defender la jerarquía entre partido y
movimiento y, de esa forma, ejercer una relación de dominación.
Mientras que el primero defiende que el agente de la transformación
revolucionaria es el movimiento de masas, el segundo defiende que
esos movimientos poseen solamente capacidad para las luchas a corto
plazo, y que el partido debe dotarles de capacidad a largo plazo y,
és mimso, protagonizar la transformación.

14. Dielo Truda.
“Plataforma Organizacional dos Comunistas Libertários”, 1926.
[http//www.nestormakhno.info/portuguese/platfo ... _p...t.htm NdT:
El enlace no funciona, el texto en castellano se puede encontrar en
http://kclibertaria.comyr.com/lpdf/l092.pdf]

15. El concepto de clases oprimidas, aquí, se fundamenta en Errandonea (1989). Se
trata de conceptualizar a las clases sociales a partir de la
categoría dominación, que abarca la explotación. Así concebidas
las clases sociales estarían mas allá de la esfera económica y de
las relaciones de trabajo; la lucha de clases se caracteriza por dos
amplios conjuntos de clases dominadas y dominantes, oprimidas y
opresoras. Las clases oprimidas están compuestas por trabajadores
asalariados de la ciudad y del campo campesinos precarizados,
marginalizados y pobres en general; las clases dominantes incluyen,
mas allá de la burguesía (propietarios de los medios de
producción), ricos, gestores de grandes empresas, gestores del
Estado como gobernantes, militares de alto escalafón y jueces, mas
allá de una parte significativa de los propietarios de los grandes
medios de información (mass-media), de los lideres religiosos y de
aquellos que monopolizan estrategicamente el
conocimiento.


Bibliografia:
BAKUNIN, Mikhail. “Carta
a Morago de 21 de maio de 1872”. In: CD-ROM Bakounine: Ouvres
Completes, IIHS de Amsterdã, 2000a.
______________. “Carta a
Cerretti de 13-27 de março de 1872”. In: CD-ROM Bakounine: Ouvres
Completes, IIHS de Amsterdã, 2000b.
______________. “Status
Secrets de l’Alliance: programme et objet de l’organization
révolutionnaire des frères internationaux”. In: CD-ROM Bakounine:
Ouvres Completes, IIHS de Amsterdã, 2000c.
______________.
“Status Secrets de l’Alliance: organization de l’Alliance des
frères internationaux”. In: CD-ROM Bakounine: Ouvres Completes,
IIHS de Amsterdã, 2000d.
______________. “Aux compagnons de la
Fédération des sections internationales du Jura”. In: CD-ROM
Bakounine: Ouvres Completes, IIHS de Amsterdã,
2000e.
______________. A Política da Internacional. São Paulo:
Imaginário/Faísca, 2008.
CORRÊA, Felipe. “Anarquismo e
Sindicalismo Revolucionário: uma resenha crítica do livro de
Edilene Toledo a partir das visões de Michael Schmidt, Lucien van
der Walt e Alexandre Samis”. In: Ideologia e Estratégia:
anarquismo, movimentos sociais e poder popular. São Paulo: Faísca,
2011.
_____________. Rediscutindo o Anarquismo: uma abordagem
teórica. São Paulo: USP (Mudança Social e Participação
Política), 2012.
______________. Surgimento e Breve Perspectiva
Histórica do Anarquismo (1868-2012). São Paulo: Biblioteca Virtual
Faísca, 2013.
DUNOIS, Amédée. “Anarquismo e Organização”.
In: Anarkismo.net, 2010.
[http://www.anarkismo.net/article/16943]
ERRANDONEA, Alfredo.
Sociologia de la Dominación. Montevideu/Buenos Aires: Nordan/Tupac,
1989.
FAKB (Federação dos Anarco-Comunistas da Bulgária).
“Plataforma da Federação dos Anarco-Comunistas da Bulgária”.
In: SCHMIDT, Michael. Anarquismo Búlgaro em Armas. São Paulo:
Faísca, 2009.
GALLEANI, Luigi. The Principal of Organization to
the Light of Anarchism. Anarchist Library, 2011.
[http://theanarchistlibrary.org/pdfs/a4/ ... ism_a4.pdf]
KOLPINSKY,
N. Y. “Epílogo”. In: MARX, Karl; ENGELS, Friedrich; LÊNIN,
Vladimir. Acerca del Anarquismo y el Anarcosindicalismo. Moscou:
Progresso, 1976.
MALATESTA, Errico. “Sindicalismo: a crítica de
um anarquista”. In: Grandes Escritos Anarquistas. Porto Alegre:
LP&M, 1998.
________________. “A Organização II”. In:
Escritos Revolucionários. São Paulo: Imaginário,
2000a.
________________. “A Organização das Massas Operárias
contra o Governo e os Patrões”. In: Escritos Revolucionários. São
Paulo: Imaginário, 2000b.
________________. Ideologia Anarquista.
Montevidéu: Recortes, 2008.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich; LÊNIN,
Vladimir. Acerca del Anarquismo y el Anarcosindicalismo. Moscou:
Progresso, 1976.
MONATTE, Pierre. “Em Defesa do Sindicalismo”.
In: Grandes Escritos Anarquistas. Porto Alegre: LP&M,
1998.
NETTLAU, Max. Errico Malatesta: la vida de un anarquista.
Rosário: Pensamiento y Voluntad, 2012.
SCHMIDT, Michael.
Anarquismo Búlgaro em Armas: a linha de massas anarco-comunista.
Vol. I. São Paulo: Faísca, 2009.
_______________. Brève
Histoire de L’Anarchisme. Quebec: Lux, 2012.
SCHMIDT, Michael;
VAN DER WALT, Lucien. Black Flame: the revolutionary class politics
of anarchism and syndicalism. Oakland: AK Press,
2009.
____________________________________. Global Fire: 150
fighting years of international anarchism and syndicalism. Oakland:
AK Press, no prelo.
SILVA, Rafael V. “Os Revolucionários
Ineficazes de Hobsbawm: reflexões críticas de sua abordagem do
anarquismo”. In: ITHA, 2013.
[http://ithanarquista.wordpress.com/2013 ... -hobsbawm/]

Responder